18.8.11

A árvore da vida

Ontem foi um dia especial, um dia de encontros.
Ter a oportunidade de fazer algo que se gosta muito, com pessoas especiais e que se gosta muito também é valioso, é importante, pra mim é a essência, a linha que tece o sentido da vida.


O encontro

Assistir esse filme com a minha irmã, sabendo que ela estava lá na mesma sala e passando pela mesma experiência, do jeito único e através das lentes dela, mas com uma conexão inegável, enxergando ampliado sentimentos, sutilezas que são gigantes no universo das crianças, de irmãos, e isso o filme faz com um primor que adjetivos como perfeito e forte se tornam pequenos.

Algumas cenas são tão concisas, limpas, numa exatidão para mostrar o mínimo essencial, e ao mesmo tempo tão exuberantes numa fotografia de doer de tão linda, em atuações inacreditáveis de tão verdadeiras,  e olhares, os olhares são avassaladores.

É inútil tentar colocar em palavras, elas são poucas, digo isso completamente rendida à arte que é o cinema, sempre fui, mas isso é incontrolável durante esse filme. É como se fosse possível trazer para um único espaço e tempo, 138 minutos e uma tela, toda a sensação de uma vida, mais, da origem da vida, do que somos, como crescemos, como entramos nas regras da vida em sociedade, em família, como nos relacionamos com Deus, com o imponderável, como fazemos parte de uma lógica ilógica sendo confrontados desde o nascimento com limites, amor, milagres, brutalidade, com vida.

Além da Ju, estavam presentes grandes amigas/grandes pessoas, muito queridas, cada uma a sua maneira, talvez até de jeitos opostos, mas de uma vontade e sinceridade para o amor idênticas.


Renata, doçura, leveza, carinho, amo tanto essa menina.

Natália briguenta, corajosa e leal, até numa discussão com um mendigo ela defende a dignidade e a justiça, louca, linda!!

Ana uma pessoa que tenho tantas, muitas mesmo, coisas em comum, que admiro e com quem aprendo diariamente, mais de longe do que gostaria, através desse mundo virtual louco, ela é mais ou menos uma professora de cinema pra mim, tenho vontade de assistir tuuudo que ela comenta em seu blog Organizando o caos.

A Juliana, que conheci ontem, mas que parece que já conhecia, por causa do blog Sentir por escrito, muito legal ver em carne e osso uma pessoa que pra mim era, ou ainda é, um mosaico de pensamentos e palavras que fazem sentido, que me causam empatia.

E a Fernanda, um amor de pessoa, linda e cheia de luz, que não assistiu o filme, mas que vai assistir depois com certeza, e que chegou a tempo pra nossa conversa desordenada, maluca, estávamos todas meio perplexas. E que além da sua presença, me deu um livro de quadrinhos lindo, adorei, já li junto com o Caio ontem as primeiras páginas, e já elegemos alguns dos nossos favoritos, depois te mostro, obrigada!!! Você e os quadrinhos são demais!!!


Sobre o filme, pensei em muitas outras coisas, depois quero organizar melhor isso, escrever uma resenha mesmo, mas acho que preciso assistir novamente, é muita coisa, muita intensidade, muita história. Como a Ana disse, é preciso uma noite pra ficha cair, acho que preciso de mais noites...

A ÁRVORE DA VIDA (The tree of life). Estados Unidos, 2011. Direção: Terence Malick. Com Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Joanna Going. 138 min.

12.8.11

Os pequenos poderes

Qual é o significado para você?
"Trabalho no sentido dialético de negação das condições e dos significados imediatos da experiência por meio de práticas e descobertas de novas significações e da abertura do tempo para o novo, mudança do que está dado e cristalizado."

"No meio do caminho tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho."
Carlos Drummond de Andrade

"A burocracia opera fundada em três princípios: a hierarquia do mando e da obediência , que define os escalões de poder; o segredo do cargo e da função, que garante poderes e controle dos graus superiores sobre os inferiores; a rotina dos hábitos administrativos que, por definição, são indiferentes à especificidade do objeto administrado (produzir uma ópera, comprar livros, realizar um seminário, comprar tijolos, lâmpadas, papel higiênico e sabonete são atosburocráticos e administrativos idênticos)."

"A irracionalidade burocrática é aparente: serve para disfarçar e ocultar formas precisas de exercício de poderes (ainda que sejam pequenos poderes).
Um processo pode percorrer seu caminho pelas instâncias administrativas em algumas horas ou em muitos meses: a diferença não é determinada pela complexidade do assunto, mas pela vontade de quem o faz caminhar ou parar nos escaninhos e nas gavetas."

Problemas com o JURÍDICO

"Um dos mais pitorescos foi aquele criado em torno de um projeto comum entre a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Cultura com doentes e deficientes mentais. A assessoria jurídica da Secretaria Municipal de Saúde sustentava que o programa não poderia ser realizado pela Saúde por tratar-se de um programa cultural.  Por seu turno, a assessoria jurídica da Secretaria Municipal de Cultura afirmava que o programa não poderia ser feito pela Cultura por se tratar de uma questão clínica. Foi somente quando, encolerizado, José Américo Pessanha, diretor do Centro Cultural São Paulo, indagou se o que se propunha era o apartheid cultural dos doentes mentais, que, assustadas, as duas assessorias encontraram os meios legais e administrativos para viabilizar o programa."

trechos entre aspas retirados do livro Cidadania cultural O direito à cultura da Marilena Chaui.

continua...