31.10.11

uma noite fria e uma manhã cinza

ontem só conseguia pensar que se passou um ano
um ano
e estamos no mesmo ponto
o mundo girando
uma noite fria e uma manhã cinza
uma segunda traiçoeira
feia feia
que faz você ficar mais longe
mais quieto
mais duro e cruel
porque mando você ficar longe e você fica
me obedece assim tão prontamente quando eu peço algo ruim
e todas as vezes que te pedi pra nunca me deixar?
parar de ir embora
e ficar tão longe
o amor é bom demais
mas dói demais sentir
o mundo é grande demais
e cheio de coisas demais
é quase impossível se concentrar

deixa o amor pra depois
a vida pra amanhã
o sonho pra utopia

sabe quando o clima expressa exatamente o que se passa dentro da gente!?
pois é
olha pra janela

29.10.11

para o inferno você!

sim EU QUERO QUE VOCÊ VÁ PARA O INFERNO!
pra que sonhos e planos?
PARA O INFERNO!
pra que pensar a vida, dedicá-la a você
pra que te encaixar na minha lógica louca pouca

tentar te dar sentido se nem ao menos você tenta e precisa
quem precisa de nós dois?
que dois é esse que quase sempre é zero

pra que o amor
pra que dor
pra que chorar mais uma vez em vão

minhas lágrimas são tão importantes quanto a sua palavra
DE MERDA
palavra de merda e de vento
de poluição
cheia de pequenas partículas que arranham minha garganta
que rasgam minha pele
palavra
que leva os meus anos como se fossem dias
COMO SE FOSSEM LIXO

não quero mais engolir uma gota do teu líquido áspero
machista e grosseiro
CAPITALISTA
parasita

te alimentei enquanto pude e estou morrendo aos poucos
de desgosto
de tanto tentar ser eu com você
e acabar desistindo de mim

da minha essência
da minha intensidade
SÓ PORQUE VOCÊ NÃO DÁ CONTA
não dá

quero me enganar pra que?
se nem a vida fugaz que você me prometeu é inteira
é merreca
é esmola
é ofensa
para o inferno! INFERNO!!!

15.10.11

antecipando o Ano Novo

Sabe quando está chegando o ano novo, ou o aniversário e sentimos uma sensação boa de algo novo, a sensação pouco tempo antes de ganhar um presente, algo que queremos muito ou algo inesperado. Estou me sentindo assim.

Acontecem muitas coisas o tempo todo, a cidade corre a nossa volta, a rotina nos empurra prá lá e para cá o tempo todo, no entanto, o lugar onde tudo acontece, definitivamente, é na minha cabeça, sim existe um turbilhão dentro dela e nem sempre dou conta de administrar. Para lidar com esse turbilhão preciso "controlar" a ansiedade, ou melhor, tentar acalmá-la ao menos, é preciso encontrar o fio da meada e puxá-lo para não me perder, com a força na medida certa para que ele não escape ou fique frouxo, e nem arrebente. E como esse fio é rápido e ardiloso, vira e mexe escorrega ou se transforma em qualquer coisa.

Sabe, viver não é coisa assim tão simples, não pra mim pelo menos. Penso muito e em muitas coisas, faço menos do que penso, mesmo assim sei que ainda faço bastante e, muitas vezes, bate um esgotamento mental e físico, nem sempre me cuido, ou cuido do meu filho, como gostaria, com uma alimentação e hábitos saudáveis e equilibrados, muitas vezes não consigo manter o mecanismo mais vital e básico funcionando, nossa respiração.

Onde quero chegar?

- Retomar hábitos como uma alimentação mais natural/integral/saudável é importante pra mim e para o Caio.

Cada vez mais, no meio das turbulências tenho lembrado como esse mundo pode ser uma ilusão e refletir o que se passa dentro de nossas cabeças e corações, não adianta tentar tanto mudar e arrumar as coisa à minha volta, enquanto ainda estiver uma confusão dentro de mim.

- Me acalmar, buscar tranquilamente e internamente um realinhamento entre o que penso, o que sinto, o que faço e o que sou.

- Procurar uma rotina que me permita esse encontro, essa consciência, uma verdadeira e livre respiração.

- Parar de brigar tanto comigo mesma! Eu sei da minha essência, das minhas responsabilidades e dos meus sonhos (sei também das minhas ilusões... de achar que sei muita coisa inclusive)...eu só preciso ter a tranquilidade INTERNA para fazer uma coisa de cada vez e sempre seguir adiante.

Acho que voltei às minhas listas...

de 14/10/11

na natureza selvagem

6 e pouco da manhã e não consigo mais dormir, a noite assisti ao filme Into the Wild, lindo demais, mesmo tão diferente, vivendo essa vida criada pela ilusão do homem moderno na cidade, me identifico tanto com a personagem principal, Christopher McCandless ou Alexander Supertramp.


Ele não acredita nessa vida e necessidades criadas e impostas pelo Sistema em que vivemos, e, ele teve a coragem para ir embora, sair, mudar, seguir outros caminhos e buscar por uma verdade, ele escolheu seguir e buscar a natureza, a natureza\selvagem.


Concordo tanto com ele, mas tanto mesmo, que fica mais difícil seguir esse caminho que caiu sobre minha cabeça, que muitas vezes não é o que quero, mas que é meu, na maior cidade metropolitana do Brasil.


É triste o final da história, dói demais ver que ele terminou encurralado na escolha extremista que fez, talvez ele precisasse fazer esse caminho de um extremo a outro, talvez ele tenha ele tenha vivido tão intensamente uma verdade, que arrependimentos e sentimentos de piedade não servem de nada, por acreditar nisso, não é esse meu foco.


A lição que pego pra mim e que já faz parte da minha enorme dúvida é de que não existe apenas uma maneira de viver, ter sempre vivido em São Paulo, ter essa cidade caótica e ao mesmo tão rica como herança, não significa que não posso fazer outra escolha, ou ao menos experimentar outros caminhos.


Numa parte do filme ele conclui que a felicidade só é real se compartilhada. Num livro que lê , e que reforça sua decisão de ir embora do isolamento total, é dito que uma vida agradável e que pode proporcionar alguma felicidade pode ser muito simples, talvez precise ser muito simples, afastada da turbulência das grandes cidades, com alguma natureza e tranquilidade em volta, pessoas que trabalham pelo seu sustento e de sua família, e não estão acostumadas a serem servidas, fáceis de serem amadas, admiradas, de ser bom ao lado delas, uma companhia sincera, um trabalho que faça sentido, que tenha utilidade ao alcance dos olhos, das pessoas.


Idealismo? Outra ilusão? As vezes acredito tanto nisso que sinto o impulso de enfiar umas poucas coisas numa mala e ir embora. Penso que posso trabalhar em qualquer coisa, em qualquer lugar, não tenho aspirações como uma "carreira de sucesso" e ter coisas, coisas e mais coisas.


Não estou amarrada, por que me sinto presa?


De certa forma tenho esperado por muito tempo formar a "família" que enfiei na minha cabeça  que preciso. Preciso? Que família é essa afinal? Será que ela já não existe esse tempo todo e não me dou conta por estar presa a moldes e formatos que podem não servir para mim, não fazer sentido para mim.


A cada dia tenho mais dúvidas, ainda mais quando me sinto tão sozinha e perdida.


Sinto dentro de mim que sou capaz de mudar, de parar de ter medo, sei que tenho uma força enorme dentro do meu peito, em minhas mãos, sei fazer tantas coisas , aprendo tantas outras a cada dia. Parece tão lógico e tão possível não ter mais medo.


de 08/10/11