16.4.16

como pode...

como  pode ser tão injusto o amor, que junta pessoas diferentes, com suas vontades, maturidades, tempos, expectativas,  sonhos, desejos, tudo diferente,  e que por um instante se encontram, se buscam, se atraem, se extasiam, se confortam e se divertem, para no outro instante voltarem aos seus percursos solitários em direções opostas, incompatíveis e egoístas.
e todas as coisas em comum vão se acabando, tudo começa a desaparecer, a vontade, a presença, a voz, a pele, as palavras,  os acordos perdem a importância e se desfazem, os olhos ficam baixos e os corpos distantes.
como é triste um amor que se afoga em medos não compreendidos, que se perde no meio de todas as coisas, que não pode se transformar junto com a gente, se reapaixonando...
é triste e covarde o fim de um amor.

8.4.16

no meio




fico no caminho
entre o arrependimento
e as palavras beirando as estribeiras

existe uma distância definitiva entre as pessoas
damos voltas
procuramos pequenas saídas

não dá pra se imaginar como parte de outra coisa
nos confrontamos
nos enxergamos?

não podemos mais acreditar uns nos outros

vou ficando no meio
deslocada e estranha

nesse lugar, que não tem lugar na verdade

olhando os extremos
para cada lado, faço parte do outro oposto

boba e vazia
sem me concentrar
sem construir coisa alguma

vou tentando ir com calma
pisando no pouco que ainda sinto sólido

saio de tudo que corre tão rápido
me concentro na conversa com cada pessoa
e no tempo que insiste em parar tudo por dentro