9.8.12

Por que o fim de um relacionamento é necessário ou O Barba-azul - post em edição

Nessa madrugada perdi o sono, acordei num susto, já com muitos pensamentos rondando, como se estivessem me chamando. Acordei às quatro da madrugada, o que é muito curioso porque toda vez que acordo assim e perco o sono, é por volta desse horário, sempre. Teve um período da minha vida, que acordava praticamente todos os dias nesse mesmo horário, passado esse tempo, uma vez ou outra isso volta a acontecer.

Quando isso acontece, geralmente escrevo, passo para o papel os pensamentos que me confundem e acordam, sinto certo alívio e consigo voltar a dormir, relativamente bem. Quando estou muito mal, a ponto de querer evitar a clareza desses pensamentos no papel, fujo, assisto um pouco de TV, geralmente consigo voltar a dormir, um sono bem ruim, muito pouco reparador. Dessa vez, não tive dúvidas, uma energia desconhecida (o instinto da mulher selvagem?) me levou até a prateleira de livros, segui com os dedos pela minha estante, meio abandonada, disposta ali sem compromisso, sem ordem alguma, atrás de uma garrafa encontro o livro Mulheres que correm com os lobos de Clarissa Pinkola Estés. Enquanto me movia nesses gestos passava por minha cabeça bem suavemente: "preciso ler alguma coisa... algo que faça sentido... deve estar por aqui... algo que tenha um significado pra mim... bem específico".

Comprei esse livro há um bom tempo, não lembro o ano, tenho uma memória bem nítida, de mim, lendo esse livro na poltrona da casa da minha mãe, numa dessas noites em que acordei por volta das quatro. Lembro também, que ele pareceu complicado e distante da minha realidade.

Acredito que a maturidade é algo maravilhoso, que exige muito esforço e, às vezes, talvez infelizmente, muito tempo. Nesses momentos isso é tão nítido, assustador e libertador. Foi preciso esse tempo. Hoje, aqui onde estou, onde cheguei, depois desse tempo vivido, a mensagem do livro me encontrou.

Comecei a ler meio descomprometida, pensando que o mesmo das outras vezes aconteceria. A cada palavra cada vez mais meu peito se apertava, senti um rubor nas bochechas e os olhos vidrados segurando as lágrimas para continuar lendo. Cada palavra saltou do papel tão nitidamente na mensagem necessária, palavras escritas pra mim, para a situação exata em que estou vivendo. Isso dá medo. E faz tanto sentido. Sempre acreditei na força das palavras, sei que elas é que me permitiram continuar e sei que podem tirar vendas, nos levar a mundos que só ousamos acreditar em sonhos. Talvez por isso, pra mim, só tenha ficado tão óbvio por meio delas, dessas palavras tão específicas e tão genéricas. Que só no tempo e jeito certos poderiam fazer tanto sentido.

Sei como é difícil, pra mim, desistir e sei quantos obstáculos tenho que ultrapassar para essa decisão. E agora, sei, quer dizer, percebi o quanto e como essa decisão não implica em desistir. Essa decisão é simplesmente a escolha necessária entre o outro e a minha sobrevivência. Não física, nem emocional, nem financeira. A sobrevivência mais importante, que faz toda e qualquer situação ser possível, que faz valer a pena continuar vivendo. A sobrevivência da minha essência.

Coloquei que esse post está em edição, penso em continuá-lo, não sei bem como. Minha primeira vontade foi de transcrever um capítulo inteiro do livro, talvez faça isso só com alguns trechos. Ainda não tenho clareza de como continuar, de como agir, esse registro é um cuidado pra não me perder. Um passo após o outro.

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