30.7.12

fragmentos


gente amanhã é a cirurgia, acho que to ansiosa, me sentindo mal... como se perdesse totalmente o controle de tudo... e essa segunda tão cinza... pessoal meio estressado aqui... e a minha cabeça no mundo da lua...

o Caio parece que tá tranquilo, um pouquinho ansioso também e com um pouco de medo... ele perguntou se vai doer, eu disse que não, que ele só vai sentir um incômodo depois... tomara que isso seja verdade.

gente eu fiquei com o espírito do filme Na estrada em mim... não de uma forma muito literal, mais como um ventinho soprando atrás da orelha, ora agradável como o vento de uma viagem, ora levemente perturbador pela realidade destoante...

adorei ver vocês, mas ainda senti falta de só ficarmos juntas por um tempo, sem tanta pressa e compromissos em volta, tenho buscado um tempo bom, desses que para, como no filme com o senhor tempo do jazz, que em sua música faz tudo parar, e todos estão ali imersos, em sintonia...

tentando ainda....

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"eu não tô interessado em nenhum teoria, em nenhuma fantasia nem no algo mais. minha alucinação é suportar o dia a dia; meu delírio é a experiência com coisas reais... banais. Amar e mudar as coisas me interessa mais"

(Belchior)

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Todas as minhas tentativas foram frustradas, acho que não faço o tipo das lésbicas! rs
Só teve uma vez na vida que uma mulher achou que eu era lésbica, foi na Augusta e ela achou que eu era namorada da minha irmã... na época nós fazíamos umas camisetas e a moça achou que os temas eram lésbicos... ficou muito interessada. NAS CAMISETAS. hihi

Gosto muito de teorias também, mas me desafio a viver na prática tudo o que for possível (não é muito, mas eu tento), ter ido para aquele Festival de Arte é um pouco isso.


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Queria conseguir conversar direito com você, eu quero que fique bem e que não troque sua essência por falsas seguranças...

Não acho que o ... te ajude a lidar com sua subjetividade, talvez ele a contenha, a oprima, lidando como se fosse algo de outro mundo... mas a sua subjetividade é a sua vontade de busca, tem tanta coisa pra ver, descobrir, observar, pensar, questionar... e muito desse seu universo pode parecer feio e sem sol por você se sentir frustrada com ele... pra mim seu universo só traz vida, vida real... sua subjetividade é mais madura, realista e corajosa do que essa objetividade que ele e muitas pessoas tem... as pessoas tem medo de sentir.

Ninguém morre mais de amor romântico, dói... dói muito, é um luto, um processo, não é só amor, é posse, é sonho... se sofre mais pelas expectativas do que pelo que se perdeu de fato, todo mundo entra numa relação querendo que ela seja bem sucedida, mas isso, essa vontade de ser uma boa mulher, de construir uma família, de corresponder alguma expectativa do seu inconsciente não pode passar por cima de quem você é de verdade, mesmo que pareça contradizer tudo o que você se apegou durante esses anos...  você é forte, é linda, sua subjetividade me salvou muitas vezes, é intensa, é leve, sempre foi a risada da nossa casa... é muitas coisas, inclusive uma pessoa de verdade que tem o direito de se cansar.

(clara)
 

26.7.12

eu sou BREGA

escrevi um e-mail...  fiquei meio amuada, veio até uma lágrima, passou, fiquei pensando... e veio uma música na minha cabeça, por causa de uma frase do e-mail, e a música fala praticamente a mesma coisa que eu tava pensando... comecei a rir sozinha!! Qual é a música? só sei que eu sou brega mesmo.

Como Vai Você
Roberto Carlos


Como vai você ?
Eu preciso saber da sua vida
Peça a alguém pra me contar sobre o seu dia
Anoiteceu e eu preciso só saber


Como vai você ?
Que já modificou a minha vida
Razão de minha paz já esquecida
Nem sei se gosto mais de mim ou de você


Vem, que a sede de te amar me faz melhor
Eu quero amanhecer ao seu redor
Preciso tanto me fazer feliz


Vem, que o tempo pode afastar nós dois
Não deixe tanta vida pra depois
Eu só preciso saber


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oi... ta tudo bem com você?

as vezes sinto como se a gente nem morasse junto, você com a sua vida que eu não sei nada, eu com a minha que você não sabe nada...

será que isso é bom? é normal?

tento pensar que se eu não me preocupar com você, não ficar esperando sua atenção e me ocupar da minha vida... vai ficar tudo bem, porque você é assim. e pra você é assim que funciona.

mas sei lá, me sinto estranha.

fico quieta, sem vontade de rir e nem de achar graça em nada.

parece que fica um alerta dentro de mim lembrando: ele nem pediu desculpas, ele nem se importou, ele simplesmente foi/vai embora... e tudo isso soa pra mim como um: afinal de contas a única certeza que existe é amar sozinha...

acho que sou só eu que sinto essas coisas, né? como vai seu coração?

gostaria muito de poder saber dele... um pouquinho ao menos, eu que um dia me senti dona dele...

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to no mundo da lua... desculpa!?

ai ai... porque a gente não consegue se conter...?

adorei o almoço!!

quando falei de morar com uma amiga acho que o que queria dizer era ser lésbica!!! haushaushauhsauhaushuhas

você diz que não tem sorte em nada... 

eu devo ser assim para o amor... opções que é bom nada, nunca aparecem na minha vida, nem masculinas... nem femininas! rsrs

tenho medo de coisas espíritas, sempre me causam arrepios e choro, mas os textos são bonitos

a letra é linda, música é poesia!

beijo

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uma alegria breguinha...

OI... FALA PARA O CAIO QUE HOJE É DIA DOS AVÓS... OIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII  !!!!!! EUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU !!!!!!! LIGA PARA VOVÔ TAMBÉM... DATA QUERIDA... BEIJOS.


eu vi, ele tá na escola, mas na volta eu falo!! rsrs

beijo! parabéns pelo seu dia!! ser vó deve ser muito bom porque o amor dos netos é sempre mais bonito!


23.7.12

Não se pode amar e ser feliz ao mesmo

"O homem brilha pela ausência



Creio que, das cartas que tenho recebido, a de Jandira é uma das mais interessantes. Ela explica, às primeiras palavras, a natureza do seu drama: "Acontece comigo uma coisa interessante. Brigo muito com Adalberto. E só acho, verdadeiramente, graça nele na ausência". Aparentemente, o caso de Jandira é extraordinário. Uma mulher que prefere o bem amado longe! Uma mulher que não deseja vê-lo! E, no entanto, este é um caso bastante comum. Direi mais - a maioria das mulheres acha mais encanto na ausência que na presença de seu namorado, noivo ou esposo.
imagem Juli Ribeiro


Absurdo? Paradoxo? Não, nada disso. Pura e simples evidência de todos os dias. E o fenômeno me parece lógico e natural. Senão, vejamos. Nós sabemos que todos os homens amam. Portanto, milhões e milhões de homens. Dentro dessa quantidade tremenda - quantos homens cultos, inteligentes, interessantes? Uma minoria ínfima, irrisória. No caso da população brasileira, por exemplo. Digamos que tenhamos, no Brasil, vinte milhões de homens. Seria pedir muito querer vinte milhões de galãs de fitas de cinema. Impossível, absolutamente impossível. Se todo mundo fosse interessante, haveria uma valorização súbita e irresistível do homem desinteressante. E, por um motivo muito simples: é que ele se tornaria raro, excepcional, ultra cotado. Mas, por enquanto, o que existe, multiplicado por não sei quanto, é o namorado ou noivo ou esposo desinteressante.

Chegamos, então, a um ponto crucial: que deve fazer a mulher de um cidadão nessas condições? Antes de mais nada, não nos cabe nem mesmo o direito de desejar que o chamado homem desinteressante desapareça. Porque assistiríamos a um espetáculo tenebroso, ou seja: o súbito despovoamento do mundo. Logo, ele deve sobreviver. E as mulheres são obrigadas a apelar para esse tipo de homem, porque o outro quase não existe. Conheço mulheres que nascem, criam-se, envelhecem e morrem, sem, jamais, terem visto um individuo que, do ponto de vista amoroso, seja ótimo. Muito bem. Digamos que eu me apaixone por um cidadão assim. Não posso achar a mínima graça na sua presença, porque ele é desinteressante. Tenho dois caminhos: ou deixar as coisas como estão, ou romper com ele. Mas romper não resolve nada. Porque deixo um cidadão sem encanto, e vou achar outro, nas mesmas condições (salvo a hipótese, improvável, de uma descoberta sensacional). Que faço eu? Se a presença do meu amado não me empolga, nem nada, apelo para a sua ausência. Recurso infalível! Sob a sua presença, eu o vejo como ele é, na realidade. Quero dizer, limitado, sem espírito, sem inteligência e, às vezes, feíssimo. Já na ausência, tudo muda. Vejo-o não como ele é, mas como eu o quero, pois o que funciona é a milha livre e criadora imaginação.

Componho, para mim mesma, para meu regalo especial, a imagem de um homem fabuloso, que nada tem haver com o meu amado; ou por outra, é o meu amado, mas exaltado, transfigurado, super aperfeiçoado. Eis por quê, na maioria dos casos, os homens ganham tanto com a ausência. O caso de Jandira pode se enquadrar perfeitamente nesses termos. Ela gosta de um homem que, de corpo presente, não a consegue impressionar, não consegue lhe transmitir nenhuma sensação de deslumbramento. Já que ela não deseja acabar com o romance, deve ver o menos possível o seu namorado e procurar valorizá-lo, durante a ausência. É a única solução para o caso. "

Extraído do livro: Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo de Nelson Rodrigues

"O mais importante, o fundamental, você tem: ama e é amada . E se quer obter um mínimo de felicidade, parta, sempre, do seguinte princípio: - o verdadeiro amor não pode ser integralmente feliz. Você sabe qual é o verdadeiro erro da maioria absoluta das mulheres? Ei-lo: achar que o fato de amar implica, obrigatoriamente, a felicidade. Quem ama, pensa que vai ser felicíssimo; e estranha qualquer espécie de sofrimento. Ora, a vida ensina, justamente, que duas criaturas que se amam, sofrem , fatalmente. Não por culpa de um ou de outro; mas em consequência do próprio sentimento. É exato que os amores tem seus êxtases deslumbrantes, momentos perfeitos, musicais, etc, etc. Mas eu disse "momentos" e não as 24 horas de cada  dia. Quando uma mulher apaixonada se queixa, eu tenho a vontade de fazer-lhe a seguinte pergunta: "Não lhe basta amar? Você quer, ainda por cima, ser feliz?". Pois o destino , quando concede a graça inefável do amor, subtrai uma série de outras coisas. Antes de mais nada, o sossego. Quem ama, não tem sossego, perde-o, para sempre. A intensidade de qualquer amor é, por si mesma, trágica."

Nelson Rodrigues, ops, Myrna num de seus conselhos amorosos em Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo.

Fontes:

http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_f0043_nrodrigues_texto007.html

http://lendoparavoce.blogspot.com.br/2011/12/nao-se-pode-amar-e-ser-feliz-ao-mesmo.html

3.7.12

relações líquidas

(desenho de http://oafetoeacidade.blogspot.com.br/ Juli Ribeiro)


de 02.06.12

amor
raiva
distância
a distância que é solidão bruta
amor que é raiva de não ter sua resposta
sua vontade
seu olhar nos meus
amor que é
e sei lá se deveria ser
porque dói demais
dói mesmo
e sentir parece sempre assim
um caminho sem volta
sem medida
sem chão
algumas pessoas precisam de química
algo pra anestesiar
baixar o furor das veias
das ideias
sentimentos
não dou conta de ser no mundo
e tudo em volta é frio demais
tenho uma impressão
de que existir é deixar de ser
morrer vagarosamente até sumir


de 04.07.12

não consigo dormir e to tão cansada, meu corpo está anestesiado, tem sido corrido os últimos dias e, apesar de tentar desacelerar os pensamentos, os acontecimentos insistem em vir uns por cima dos outros. sinto no corpo, no rosto quente, nas ladeiras do Butantã.

tenho tido uns pensamentos recorrentes, não sei se é só cansaço, minhas férias estão chegando aí pra provar, se bem que as férias nunca são dos dois lados, assim como muita coisa, desconfio que existe uma falta de sintonia persistente entre nós, gosto pra programas de TV, pra móveis, pra comida, pra vida... opostos ainda se atraem?

essa vida de morar junto é estranha, intensa e vazia. as vezes sinto que preciso tanto que faz parte de mim, as vezes a ausência é mais forte e a solidão dói como nunca antes. as vezes parece que estamos tão distantes que vivemos em universos paralelos. e sabe o que é mais engraçado, parece que o tempo é outro pra ele, talvez tanto quanto o modo de sentir.

Eu, Paralelo Esquerda, os alimentos favoritos são as saladas, frutas e doces. Programa do dia: chegar em casa cedo, colocar os pés pra cima e assistir um bom filme francês ou chileno. Se o dia estiver ensolarado, colocar uma música e dançar pela casa aleatoriamente, ora pulando, ora rodando em par, ou caminhar por qualquer lugar que tenha alguma árvore e céu. Se estiver frio, um chá bem quentinho de camomila, com açúcar direto do açucareiro. Nenhum aplicativo.

Ele, Paralelo Direita, alimentos gordurosos e muita carne. Programa do dia: não tem programa, o dia se vai num relance enquanto passa o dia com os olhos vidrados numa tela de computador, sistemas, vídeos de skate, notícias de fofocas e celebridades. Se o dia estiver ensolarado, correr 10 quilômetros sozinho, ou se arrebentar com os amigos de skate. Se estiver frio, hibernar. Todos os aplicativos.

nossa isso ta sério, de repente comecei a fazer uma retrospectiva dos nossos finais de semana, semana não estou considerando porque mesmo nos dias que não tem aula chega tão tarde, as vezes meio ríspido, não conversa, não pergunta nada, está sempre tão cansado, ainda tem que fazer algo do trabalho no computador. mas então, nos finais de semana, além de dormir, o que fazemos juntos?

assistimos mais ou menos um filme por mês, todos porque eu insisti. Fizemos uma viagem, eu que quis também. será que sou eu que quero demais? tenho a impressão (ou a teimosia de não aceitar a realidade?) de que todas as coisas que ele gosta de fazer e tem vontade verdadeira de fazer, é sozinho ou com outras pessoas.

daí eu viro o corpo pesado dele, tento me encaixar num abraço. o braço começa a pesar na minha costela. acordamos e fazemos amor, falta de sintonia ou sintoma disso tudo, a sensação de incompletude permanece. e por que a gente insiste? não sei.

ouço um som no quarto, por um segundo meu coração se aquece, é ele, sentiu minha falta. mas foi só um engano. mais um?

quer saber isso pode ser só bobagem de uma noite de insônia ruim...