26.7.19

teimosia










cair do horizonte das montanhas direto nessa capital, uma das maiores do mundo, direto no trabalho, nas reuniões e mensagens, responde, confere, apreende, corre, encosta as costas pra sentir o apoio nos ossos, essa caixa que te suga dos sentidos e engole, mastiga, cospe.

o tempo não vale nada, ele corre e dispara como bala perdida, não olha e mata.

um pé e outro, pedra, pedregulho, ladeira, inclina o corpo pra não cair, o ritmo é o do passo, não tem relógio de ponto, não tem obrigação e pressa.

olha, olha, olha mais um pouco, insiste em ficar ali por esse tempo expandido de céu, sol, nuvem.

eu vim desse concreto todo e ele contorna toda a vida que escolhi, e me mata um pouco todo dia.

teimosia, isso de voltar e retornar àquele eu cindido, fragmentado, entrecortado, ainda vai parar o sangue das veias, sufocar o ar que entra e sai pesado.

sou uma jovem velha rabugenta e sem paciência com o tempo, com a cidade.