28.11.08

26

26 e 2 dias, sim, passei meu aniversário sem crises, sem dúvidas, sem dramas, ele passou assim como uma brisa leve e fresca, não, não me sinto velha nem menina, não questionei nem pensei profundamente sobre o assunto. jantar num restaurante chinês de cadeiras estofadas e fofas, paredes de flores delicadas e um botãozinho pra chamar o garçom. foi gostoso. tenho usado mais vestidos, mais cores, mais sabores. ganhei porta retrato personalizado, vestido de babado, polyana, camisetinhas floridas e uma camisetona preta com cheirinho de Circuito 8 produções, parabéns e felicidades de lugares queridos e inesperados. música anos 80 baixinha. estou voltando pra casa, fazendo as pazes com meus amores, voltando ao colo perdido. hoje é sexta e vou no piola comer pizza, tomar vinho e ficar com o meu amor. o tempo está passando diferente pq já é fim de ano, quando passa meu aniversário é porque o ano já foi. as obrigações são menores e tudo não é mais tão importante, os pensamentos do novo, do que está por vir começam. e a música que combina tem um toque havaiano de fundo.

3.11.08

lições de casa - curso de redação


Tempo bom que não volta mais...

Eu gosto da minha vida de hoje e de ontem, gosto especialmente do tempo em que era criança, tenho muitas lembranças boas de brincadeiras, de aconchego na casa da minha avó, de aventuras com meu pai e de cumplicidades com a minha mãe.

Tenho uma ligação profunda e sincera com a minha irmã, agente brinca que ela é a minha casa e eu sou a casa dela. Hoje damos risadas olhando fotos de duas meninas molecas, de roupas coloridas descombinando, janelinha nos dentes, sempre brigando, sempre grudadas, uma comprida, outra baixinha, querida, muito querida.

Das saudades, uma das mais especiais, que vira e mexe vem com gosto de arroz doce e canela, a sensação da pele das mãos suaves e vaidosa, de unhas pintadas, um capricho combinando com o batom elegante e os óculos transparentes. Minha avó foi marcante para mim, ela representa segurança, tranquilidade e carinho. Tardes de luz do sol passando pelas cortinas brancas, brincadeiras com uma menina de mármore gelado no canto da sala, a casinha era a mesa do telefone com uma toalha comprida e verde, quando o telefone tocava, um susto.

Lembro que eu gostava de ouvir minha avó conversando com as minhas tias, eu ficava encostada do lado dela, às vezes ela segurava a minha mão perto do coração, era assim que ela andava comigo para todo lado, nunca mais ninguém segurou minha mão desse jeito. É... A minha vózinha é muito especial e durante anos ainda conversei e mandei beijos para ela antes de dormir, de vez em quando, com a saudade apertada, ainda faço isso.

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Trontéia

Um instrumento raro, num simples olhar pode ser confundido com quaisquer óculos, mas é muito diferente, singular. Poucas pessoas conseguiram usar, exige coragem e capacidade de compreensão.
Uma espécie de revelador de verdades tira a venda dos olhos, a realidade se torna tão concreta, nítida e clara, que fica impossível ignorar, despida de véus, disfarces e contratempos, pode ser tão bela quanto cruel.

Uma relíquia esquecida numa caixa dos fundos de lugar algum, invenção de Leonardo da Vinci, Einstein ou de ninguém, não importa, não tem utilidade nesse mundo. A verdade pode desvendar inúmeras coisas, mas o medo está na descoberta de que nada faz sentido e que não existe lógica nem razão nas ações pretensiosas e inconsequentes dos homens.

Ninguém quer um soco no estomago, ter que encarar a frieza da rotina, do cotidiano sem finalidade, do objetivo sem razão, da consciência sem função, sem presença, não ver o outro do lado, na cara, na rua, na sarjeta, à margem.

Apagar a beleza da sinceridade, a simplicidade da pureza, o pouco que preenche mais que qualquer produto no mercado, a chance de ser, aceitar e mudar; é o que se perde, o preço a ser pago pela ilusão.

Esqueça a Trontéia, ninguém nunca a viu de verdade, ela não existe.