quando estou sozinha, o vento passa diferente entre as folhas. o atendente da padaria dando bom dia a uma senhora nos comove, um sorriso cúmplice com a pessoa sentada ao lado é inevitável, por um instante parece que não estamos tão tristes.
num desses momentos, uma xícara de café com leite pode preencher quase uma hora, pra estender a sensação de amparo do morno do leite tocando a pele mais sensível da boca.
todas as vozes ficam opacas, a imersão não deixa ouvir, todos estão tão perto e tão distantes.
no momento que desci as escadas, já queria voltar, deitar com você de olhos fechados e só sentir o peso do seu braço na minha cintura, pra sentir algo que me prenda aqui.
pra sentir algo.
mas parece que ultimamente tudo que faço é agir e sentir em descompasso.
...
e no turbilhão do carnaval, dos encontros e desencontros, o tempo nos dá um descanso numa mesa de amigos, numa taça de vinho, numa noite de dança.
a vida brinca com a gente, canta no nosso ouvido, tira um sarro da nossa cara e nos acaricia o ventre, nos dá uma volta e nos leva embora, beija nossas costas, nos segura forte... e numa conversa arrastada e leve, num suspiro fundo, no salto, estamos soltos de novo.