16.12.12

palavras doces ao pé do ouvido




ainda é cedo
e as letras de música caem perfeitamente
só o tempo é que mudou
depois de tanto tempo parado
começou a correr e correr

me sinto como a Lola
corre corre
e a cada tentativa erro mais uma vez
o tempo vai e volta
mas nunca mais parou de correr

ainda é cedo
e o ano está acabando
as tarefas atrasadas estão se resolvendo
uma a uma
só uma coisa fica sem resposta
sempre cedo demais
pra nunca mais

a angustia e a solidão chegam bem perto
me distraio bem alto
dançando e passando as mãos no cabelo da moça mais doce
falando juras de uma noite
rindo tão alto
quanto a dose de bebida

e um dia não é mais inteiro
nem volta
nem lembrança
ainda é vazio
um vazio que é meu e me completa
porque um copo cheio demais transborda
a canoa cheia demais entorna
a mente cheia demais se perde

e esse esvaziar pra se encontrar
preenche aos poucos
meus dias
noites
e sonhos

os sonhos em carros desgovernados
agora aparecem nos cenários mais diversos
sinto o volante nas mãos
e até dei ré e fiz curva  a mil por hora sem nenhum raspão
parece que aprendi a dirigir
estou aprendendo ainda no inconsciente

logo mais aprendo na vida real também
assim como tantas outras coisas que adiei
adiei adiei
e agora chegam apressadas
todas de uma vez

chegam-me doces ao pé do ouvido
já era hora
não vá embora
fica menina e escuta a voz do coração
que te diz
isso é vida
agora é vida
cada respiração
cada silêncio
gesto
palavra
é vida
agora
goza
desfruta
deleita
e deita

10.12.12

boa noite madrugada




seu jeito de brincar com as palavras
e com as formas do meu corpo
é doce
me faz rir
e esquecer qualquer problema

não sei bem o que é isso
só sei que quando decido uma coisa
não tenho mais medo
e decidi não encaixar mais nada em modelos
esperados
apressados

não preciso mais saber
dou espaço pra vida
que está acontecendo mais viva
a cada momento

os recortes vão ficando próximos uns dos outros
e o tempo pra acompanhar
para
segue
volta

na janela a lua
em traço fino e preciso
brilho
boa noite
noite curta
madrugada

5.12.12

olha que logo tudo se derrama e pronto!



                                        
acontece do amor não ser assim tão definido
disperso em algumas pessoas e formas
vou tentando deixar tudo solto
segurar a ansiedade
viver

a verdade é que tudo vai indo bem

só fico na dúvida quando sinto essa coisa apertada no peito
porque precisa ser assim?
persistir nesse aperto que só faz mal
que não faz mais um sorriso no rosto
que magoa com ideias e palavras duras
burras

eita vida boa de viver
bora viver viver viver

qualquer dia isso passa de vez
e todo amor em volta será suficiente
encontrando o amor mais profundo
de ser, da alma, da pele, das gargalhadas
do olhar brilhante
do carinho
do encontro

olha que logo tudo se derrama
emana
insana
ama
e pronto!

3.12.12

necessário, somente o necessário

a vida corre e esses últimos dias cheguei a limites quase sem volta, viver tanto pode servir pra mostrar que não é preciso tanto pra ser feliz.

suas músicas passam por mim, mas não me remetem mais a você, porque agora não preciso mais da sua proteção, aprendi a me virar e foi você quem ensinou, com sua ausência, agora sou meus olhos e sou inteira, não quero mais ser uma parte, um pedaço ou qualquer coisa de outro, sou minha e está bem melhor assim.

* porque você fala coisas machistas e idiotas que não vou mais admitir ouvir, nem de você e nem de ninguém. e ter um filho nunca foi problema pra mim, se existiu algum problema algum dia foi a falta de responsabilidade, amor e cuidado dos homens que passaram pela minha vida, e só, ponto, assunto encerrado.

o meu filho só representa coisas boas, ele encheu minha vida de significado e de amor. ele me levou a conquistas e lugares que nunca conseguiria sozinha e sou muito agradecida e orgulhosa de ser a mãe que sou e de ter o filho maravilhoso que tenho, e que não pode ser visto de outra forma, senão como o melhor e mais doce presente que ganhei da vida.

não vou esperar que entenda o que estou falando, se todo esse tempo não foi suficiente, só posso deixar a encargo da vida, da sua, não tenho mais nada a ver com isso.

talvez um dia me canse de ser só e não poder contar com um braço ao meu lado, mas quer saber, já senti solidão muito pior e foi quando você estava lá, só de corpo.

a reviravolta vai passando e quero acreditar que essa agitação toda foi necessária pra poder ficar mais tranquila a partir daqui, com o amor, comigo, com os meus.

e tudo isso é solto, possuir é coisa de quem tem medo. o exercício da coragem, da vida, do amor e da liberdade, mais do que nunca, é necessário.

pra não deixar um clima tão pesado por aqui, deixo essa música gostosa do Balu, porque isso é família!