27.4.12

chega logo, chega bem...

deitar sem você é estranho
é vazio
frio
tão pouco tempo e já faz parte do que sou
dormir com você
sentir a cama silenciosa
acompanhar a temperatura do corpo
do seu
e o meu se aquecendo junto
mudar de lado
acomodar o corpo
solto
colado
roçar os lábios no teu rosto
passar pela boca
dar um beijo
boa noite
chega logo, chega bem...

25.4.12

fora de mim

insegurança
egoísmo bobo
ridículo
vontade de sair e provocar em você os mesmos sentimentos
usar palavras descuidadas
fazer brincadeiras sem graça
corresponder ao outro que não é você
morrer mais um pouco
não por você
mas pela sua falta
pelo seu vazio
que reverbera no meu

e tem dias que eu não dou conta desse vazio tão grande
tem dias que meus olhos precisam de muito pouco pra transbordar
tem dias

que eu preferia estar fora de mim

10.4.12

o romantismo aliás, morreu

nesses tempos líquidos as relações são mais frágeis do que imaginamos

as pessoas desejam o tempo todo
desejam o que não possuem
o que não são
desejam fantasias
e estendem as mãos a ponto de tocá-las
é difícil não se deixar levar
não ser conduzido
pela vontade mais obscura
todas as vontades tem seu nicho, seu lugar para existir
se tornar real e estilhaçar qualquer outro sentimento mais singelo
a existência em carne viva é mais forte que qualquer romance
o romantismo aliás, morreu
os que restaram movidos por essa intenção são fracos
moribundos, tem olheiras profundas e o sono leve demais
são idiotas
completos
ridículos
não como as cartas de amor
aliás essas também não existem mais, sinto muito
exigem dedicação e palavras que o tempo de hoje não permite
exigem essência e verdade que os homens de hoje não fazem questão
sinceridade lixo
podre
sabe... eu queria mesmo ir
pra qualquer lugar que não seja esse
em que as palavras não sejam duras e frias
em que as palavras não soem como fio de navalha
os fracos que se explodam
o amor que se vire
o depois já chegou
e eu quero ir embora daqui