28.11.08

26

26 e 2 dias, sim, passei meu aniversário sem crises, sem dúvidas, sem dramas, ele passou assim como uma brisa leve e fresca, não, não me sinto velha nem menina, não questionei nem pensei profundamente sobre o assunto. jantar num restaurante chinês de cadeiras estofadas e fofas, paredes de flores delicadas e um botãozinho pra chamar o garçom. foi gostoso. tenho usado mais vestidos, mais cores, mais sabores. ganhei porta retrato personalizado, vestido de babado, polyana, camisetinhas floridas e uma camisetona preta com cheirinho de Circuito 8 produções, parabéns e felicidades de lugares queridos e inesperados. música anos 80 baixinha. estou voltando pra casa, fazendo as pazes com meus amores, voltando ao colo perdido. hoje é sexta e vou no piola comer pizza, tomar vinho e ficar com o meu amor. o tempo está passando diferente pq já é fim de ano, quando passa meu aniversário é porque o ano já foi. as obrigações são menores e tudo não é mais tão importante, os pensamentos do novo, do que está por vir começam. e a música que combina tem um toque havaiano de fundo.

3.11.08

lições de casa - curso de redação


Tempo bom que não volta mais...

Eu gosto da minha vida de hoje e de ontem, gosto especialmente do tempo em que era criança, tenho muitas lembranças boas de brincadeiras, de aconchego na casa da minha avó, de aventuras com meu pai e de cumplicidades com a minha mãe.

Tenho uma ligação profunda e sincera com a minha irmã, agente brinca que ela é a minha casa e eu sou a casa dela. Hoje damos risadas olhando fotos de duas meninas molecas, de roupas coloridas descombinando, janelinha nos dentes, sempre brigando, sempre grudadas, uma comprida, outra baixinha, querida, muito querida.

Das saudades, uma das mais especiais, que vira e mexe vem com gosto de arroz doce e canela, a sensação da pele das mãos suaves e vaidosa, de unhas pintadas, um capricho combinando com o batom elegante e os óculos transparentes. Minha avó foi marcante para mim, ela representa segurança, tranquilidade e carinho. Tardes de luz do sol passando pelas cortinas brancas, brincadeiras com uma menina de mármore gelado no canto da sala, a casinha era a mesa do telefone com uma toalha comprida e verde, quando o telefone tocava, um susto.

Lembro que eu gostava de ouvir minha avó conversando com as minhas tias, eu ficava encostada do lado dela, às vezes ela segurava a minha mão perto do coração, era assim que ela andava comigo para todo lado, nunca mais ninguém segurou minha mão desse jeito. É... A minha vózinha é muito especial e durante anos ainda conversei e mandei beijos para ela antes de dormir, de vez em quando, com a saudade apertada, ainda faço isso.

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Trontéia

Um instrumento raro, num simples olhar pode ser confundido com quaisquer óculos, mas é muito diferente, singular. Poucas pessoas conseguiram usar, exige coragem e capacidade de compreensão.
Uma espécie de revelador de verdades tira a venda dos olhos, a realidade se torna tão concreta, nítida e clara, que fica impossível ignorar, despida de véus, disfarces e contratempos, pode ser tão bela quanto cruel.

Uma relíquia esquecida numa caixa dos fundos de lugar algum, invenção de Leonardo da Vinci, Einstein ou de ninguém, não importa, não tem utilidade nesse mundo. A verdade pode desvendar inúmeras coisas, mas o medo está na descoberta de que nada faz sentido e que não existe lógica nem razão nas ações pretensiosas e inconsequentes dos homens.

Ninguém quer um soco no estomago, ter que encarar a frieza da rotina, do cotidiano sem finalidade, do objetivo sem razão, da consciência sem função, sem presença, não ver o outro do lado, na cara, na rua, na sarjeta, à margem.

Apagar a beleza da sinceridade, a simplicidade da pureza, o pouco que preenche mais que qualquer produto no mercado, a chance de ser, aceitar e mudar; é o que se perde, o preço a ser pago pela ilusão.

Esqueça a Trontéia, ninguém nunca a viu de verdade, ela não existe.

31.10.08

lá lalala... todas as cartas de amor são ridículas

eu ganhei uma mesa maior!! rsrs
eh nenem só vc!!!

eu quero ir embora, eu quero nenemmoxi, eu quero beijo, huummm, não vou ficar falando que quero muita coisa, pq da última vez que fiz isso vc trabalhou o fds inteiro e me deixou sozinha!! hunf

ai ai...

nenem, tava lendo umas críticas daquele filme de ontem e um monte de gente em Cannes aplaudiu e achou inovador e tal... rsrs
é tem gosto para tudo...

amanhã eu vou andar de bicicletaaa!!! minha velinha vai chegar hj, ela tava arrumando... eba!

qualquer dia eu vou ter umas férias pra andar de bicicleta todos os dias, ir na praia, assistir sessão da tarde, ficar só de camiseta e chinelo e tomar sorvete de flocos!!!

beijo amor!!! saudades mais uma vez, todos os dias, qualquer dia vc deixa cair a venda dos olhos e vê como eu sou importante pra vc e vc é pra mim... vai me olhar com carinho, atenção nos detalhes, tocar na pele sentindo um amor suave, dar um beijo pensando como é bom estar ali, beijo com beijo, olhos fechados... huuummm... rs bjo!!

22.10.08

vejo a Dona Irá vagando, de um lado para o outro, vontade de saber o que ela está sentindo, de ter certeza que é a mesma coisa, nada faz sentido.
solicitações de compra, demonstrações pueris, podres de poder, o sorriso sarcástico e malicioso de quem acha que pode ser mais do que os outros, o autorizador, o administrador, o contador. isso é ridículo e isso não tem o menor valor para mim, os deixando impotentes em suas ações, me tratam como uma estranha, como ela pode não querer me agradar, e num sentimento de auto-sabotagem tudo o que vem dessas pessoas eu deixo de lado, minhas mãos se recusam a encostar e fazer. os sargentões reacionários me causam repugnancia tão forte, impossível disfarçar, e num olhar mútuo de desprezo nos mantemos longe, sem entender um ao outro.

devaneios

atravessando a Av. Paulista, um filho puxado pela mão, muita gente no caminho, gente estranha, mistura de personagens que não combinam. o medo, sensação de insegurança, passo por um homem de aparência dionisíaca, cabelos compridos, com um arco na cabeça sugerindo feminilidade, sem roupas, veste apenas um cinto e tem dois pênis, aversão e curiosidade, passa. entro numa escola perdida dos 14 anos, muitas escadas e rampas, essa parte do sonho é repetida, já passou outras vezes pelas minhas noites, infestada de moleques, subo escadas rolantes, encontro uma arquiteta que trabalha comigo, vou correndo pela saída gritando pra ela vir também, àquela rua é perigosa, vamos ser assaltadas, subo uma ladeira, perco o fôlego, ela diz vagarosamente que poderia dar uma carona naquele trecho, passo por uma galeria e nesse momento sou assaltada de verdade, pego a carteira de borboletas, digo posso te dar só o dinheiro, calma, vou te dar todo o dinheiro, cai uma nota de 100 reais no chão, o menino não liga, senta na escadaria, pode ir embora moça, e o dinheiro fica ali no chão. passo mais uma vez por ruas perigosas, sempre cheia de gente brigando, sensação de estar no lugar errado, ruas confusas de atravessar, caminhões passam velozes e com o farol alto. estou em casa, essa também é cena repetida, é uma casa de madeira escura, corredores longos, fico brava, crianças estão brincando de pular do muro direto para a janela da minha casa, tem um barbante amarrado, um pequenininho pula, fico nervosa, isso é um perigo vcs vão se machucar, pego o menino por pouco e o seguro pelos punhos, fica pendurado do lado de fora do prédio, sinto o pavor de suas mãozinhas escorregando, caindo, o medo dele se machucar, o menino num susto, me solta, e cai no chão, sai correndo, eu abismada, ele inteiro. saio gritando pelos corredores, falando com as mães dessas crianças, eles podem se machucar, por favor segurem seus filhos. acordo suada, pisco uma duas vezes, meu quarto está lá, estou segura, tudo parece tão real, volto a dormir.

nada é tão importante

essa é a frase do dia, o sentimento pairando sobre a minha cabeça indo de encontro, atropelando tudo a minha volta, burocrátas para o espaço, reclamões enchem o saco!!!! a culpa é sempre do outro, nunca assumimos a desgraça que estamos sentenciando a cada escolha, a cada passo. os méritos são comemorados, as desgraças são do outro, da televisão, da mídia, do consumismo, não somos atores de nossas vidas nem donos de nossos atos.

29.9.08

to me sentindo estranha, bem estranha, muito sono, visão embaçada, parece que a minha alma está flutuando no meu corpo, querendo sair, vai e volta, não consigo assimilar o que está em volta, as palavras passam por mim, concentro com toda força meus olhos na tela do micro, a tela lateja. náuseas a noite, dormi contorcendo e encolhendo os joelhos contra a barriga, muito sono, enjoo, como pq está na hora, o gosto é bom, a comida passa a goela e parece ir para lugar nenhum. o fds passou calmo, parece que passou mais devagar, não fiz tanta coisa, mas parece que aproveitei mais, sinto que fiz o que deu e aproveitei sem ansiedade os momentos, sem correria, sem agonia. sexta a noite me senti particularmente estranha, a boca seca para os beijos, um embrulho no estômago, medo, um medo querendo virar expectativa, pensamentos soltos demais, longe de onde deveriam estar, fiquei com medo de não conseguir contê-los, me senti como nos filmes de espíritos em que a alma solta observa o próprio corpo, estranhando qualquer movimento.
nessa segunda cheguei completamente atrasada, assim como sexta passada, atrasada demais para o padrão daqui, sei que eu deveria estar preocupada com isso, mas os sentimentos estão me evitando, perdi a manhã com pequenezas, um pensamento contínuo pairando minha cabeça, tenho muitas coisas para resolver e não as encontro, olho a lista no caderno mais uma vez, a lista é pequena.

25.9.08

voltando...

ontem fui no psiquiatra, foi estranho, foi difícil, conseguir chegar nesse dia, entrar na sala, poderia nunca ter acontecido, evitei por muitos anos, acho que foi inconscientemente, a culpa sempre foi toda minha, eu sempre tive que dar conta de todas as tempestades e de certa forma dei. conversando com o médico comecei a perceber que o que está me incomodando é fato na minha vida a pelo menos uns 10 anos, isso é muito tempo. ainda tenho todas as minha dúvidas se alguma coisa vai mudar realmente, tenho todos os meus medos de mudar, sou apegada ao que construí sendo assim, as singularidades que criei, os amigos não são qualquer um, todos passaram pela prova dos olhos, da sinceridade, da conversa mediúnica, a minha imagem foi se concretizando desse jeito, aprendi a lidar com os prazeres e com a dor. tenho medo, e se eu não me reconhecer, sair por aí, sem o olhar diferente, não entrar mais nos filmes, não chorar, e se eu sair por aí desperdiçando palavras com qualquer um, o pior de tudo, e se eu me sentir parte desse mundo maluco, se eu não me sentir mais deslocada, se eu ficar igual a todos eles. é verdade que não está nas reações adversas a perda de memória, não.
muitas vezes nos meus momentos de aspereza máxima comigo, pensei em como eu sou fraca, como deixei tantas mesquinharias interferirem no meu caminho, ontem pensei, e se tudo pudesse ter sido diferente, pensar isso dói, é a dor simultânea de perder o que se tem e o que poderia ter sido.
pensei no meu senso de justiça, aprisionado no casulo que criei pra mim, será que ele teria gritado e passado por cima da submissão.
pensei nos dias que dancei livremente pela minha casa, os pulos no sofá e a alegria, teria eu dançado pelas ruas.
o drama, num palco, as palavras num livro, a intensidade nos ouvidos, a beleza, nos olhos, a alegria, nos corações.
mas do meu jeito que eu ganhei um filho, um amor, muitas lições.
do meu jeitinho eu vim parar aqui, eu consegui chegar em algum lugar.
me lembro da professora de educação artística, do meu choro compulsivo numa aula de português, a primeira vez que chorei incontrolavelmente em público, primeira vez que senti essa dor da invasão do meu mundinho tão bem costurado.
ontem eu chorei, senti vergonha e não consegui parar de chorar, não consigo explicar pq isso acontece comigo, é sempre quando sou obrigada a abrir a porta, deixar alguém me ver tão pequenininha dentro dessa casca que se formou.
tive sorte, não senti antipatia alguma com o médico, tinha grande chance disso acontecer, ele tinha um rosto sereno, de óculos, bochechas rosadas e fala tranquila. ele fez o insuportável não ser tão ruim assim, acalmou minha autocrítica, pegou papel pra eu secar as lágrimas e bufejar com meu nariz rinitico espalhafatoso, se desculpou por não ter um lenço.
me explicou o que é distimia, quadro de depressão crônico extenso, que não leva a pessoa a cometer suicídio ou qualquer ato extremo, mas que estende o sofrimento por anos e anos na dúvida se existe realmente algum problema ou se a pessoas é que é sensível demais, tímida, fechada, tem dificuldade em se relacionar, se essa é a personalidade da pessoa mesmo.
no meu caso, típico, a autocrítica é tão forte que não admite a necessidade de ajuda, a culpa é minha e eu vou resolver, eu sou fraca, eu sou incompetente, eu sou intragável, quantas milhões de vezes senti a dor de camuflar sentimentos que considero vergonhosos, me classifiquei como a pior pessoa, a última, a menos, um nada, quantas vezes eu quis tão fortemente desaparecer da face da terra num passe de mágica, me considerei uma covarde. tive raiva, fui me destruindo pelas beiradas pq não tinha coragem para acabar de verdade.
já deu pra perceber que o exagero em mim é crônico também. sou eu, vc, amplificado. a resposta bateu tantas vezes a minha porta, eu abri a porta sim, peguei a resposta e enfiei numa gaveta perdida num móvel num canto da casa, um móvel de milhões de gavetas, todas com chaves, cada uma diferente, chacoalhava o chaveiro orgulhosa, quantas coisas eu tenho pra mim, tantos sentimentos, ideias, todos trancados, são meus, eles se acomodaram, alguns me incomodaram, tentei encontrar a chave, queria ficar mais leve, a verdade é que eu precisava jogar algumas coisas fora pra conseguir seguir em frente, elas se enraizaram em suas gavetas confortáveis, protegidas, não queriam mais sair de mim, tornaram-se pesadas, começaram a precisar de algum alimento, consumindo a minha energia e como na compulsão das minhas fobias começaram a consumir a minha alma.

26.8.08

chega cheGA CHEGA

to com essa mania agora de desenhar com as letras...
ai cansei, como tudo na minha vida: intensidade, impulso, exagero, calmaria, esquecimento... tudo passa, tudo tem passado, passou.
chega de chororo, chega de lamentações, eu tenho que viver até o dia 24 de setembro e depois desse dia também, não sou de sair jogando fora, não vou jogar minha vida fora.
eu tenho certeza de que vai dar tudo certo simplesmente pq está dando tudo certo.
e é isso, a loucura.
aprender a falar não, voltar quando é necessário, pular se não vale a pena, achar, encontrar os sorrisos, não desistir.
inferno astral, tpm, falta de sorte, tropeçar na rua, pisar em buraco, perder o ônibus, chegar atrasada, espinha estourada, unha quebrada - ISSO NÃO É NADA PARA UMA MULHER, é meus queridos eu sou uma dessas poderosa, com cabelos revoltos, esmalte descascado, gloss de purpurina, quer mais, melhor não exagerar na dose pois sou densa, causo dores de cabeça e fadiga.

21.8.08

e eu estou cheia mais uma vez, estou transbordando, i'm feeling good.
corro por essa montanha russa, sem barras para segurar, meus braços se agitam e meus órgãos esfriam com o vento, o susto, a queda, a subida é de tactactactac, leeeerrrda, lenta, a queda é vfffuuummmmmm...
eu escuto e me preencho, vou jogando nos buracos, preencho com lágrimas, com altos e baixos, um gemido, um tum tum tumtumtum, um freedom, um it's a new day.... e assim se faz meu dentro despedaçado, remendado, colado de pedacinhos.

http://br.youtube.com/watch?v=CJA69C6SlRk

20.8.08

e eu dou voltas sem chegar nem perto, sem chegar, eu dou voltas, em rodas, e cordas, sem volta, eu chego e vou, sem fluxo, sem ritmo, sem cílios, eu dou a volta, estou na roda, na roça, na capota, na bagagem, na viagem, para aqui e para lá, minha língua enrola, minhas curvas são tortas. eu escrevo palavras trocadas, atropeladas, em linhas sem reta, sem ponto e vírgula, sem verso, em rimas patifes de ão, arem, ar, as, a, a, a, esmorecer, apodrecer, sumir não dá, é preciso acabar, acabar logo com tudo, exagerar, transbordar, esvaziar, não estou conseguindo preencher, os rabiscos são finos, tortos e voltam as voltas, cortam as carnes das paredes, rasgam.
o barulho não me deixa pensar, o silêncio me faz sentir, sentir, sentir e repetir as palavras ocas, poucas, muitas sem risco, sem riso, parapapapa, rara, haha, chegaaaAAAAAAAAAAAAA
Eu não estou triste, acho que é desânimo, não, não deu dessa vez, não, não, não, não é talvez. É não e é ponto. Para que remoer o que não tem mais jeito, se estava escrito ou não, remoer é torturar, forçar mais uma vez o choro que foi difícil conter da primeira vez. Não é desistir, é desânimo, é fraqueza, porque eu sou fraca, eu choro e meus olhos vivem vermelhos, eu não sou forte e sigo em frente, do jeito que der, com a ajuda que vier, eu não sou orgulhosa, pode humilhar e pisar, sou desesperada sim, porque foi assim que eu cresci, eu eu eu, sou individualista, introspectiva e nada faz sentido, nada nesse exato momento faz sentido, o porque de eu estar aqui, como e quando, não faz sentido e o medo toma conta do que não está preenchido.

15.8.08

eu não decidi ainda.
tive uma longa conversa ontem, fui dormir 3 horas da madrugada, ideias, medos, divagações, hj vi uma roda de discussão sobre literatura, meios de divulgação, escritores, blog, eles eram todos tão seguros de si com suas vozes amplificadas, claro cheio de neuroses, mas com vozes fortes e atropelantes, ainda não cheguei à conclusões.
a verdade é que me sinto totalmente à margem desse universo e com o blog me sinto forjando uma inserção, não sei bem se é isso que eu quero, nem se é o caminho que vai dar, mas o medo faz parte de mim, é forte, por isso penso tanto e tanto e obsessivamente penso.
a importância das palavras ainda é tira teima em foco nesse momento, queria não ter restrições, queria muitas coisas que não me alcançam e vão longe.
pensar em escrever é abstrato, distante, impossível e mesmo a vontade latente parece perdida.
a marginalização se dá por diversas formas, assim como o sentimento de auto-piedade.
a falta de determinação cria ciclos infinitos e incompletos, impulsos em vão.
o não me conhecer e a falta de consistência do fluxo dos meus pensamentos causam o vazio e o desprezo, a falta do que não descobri.
hoje é dia 15 de agosto de 2008 e essa é a foto que consegui tirar.
distorcida, de uma paisagem colorida, sem foco, sem personagem.
e por hoje basta.

14.8.08

hoje tenho minha segunda aula de yoga, yÔÔÔga, a primeira foi meio bagunçada, muita gente querendo entrar que não tinha sido sorteado, pegar as vagas de desistência, mas foi boa, teve uns exercícios em dupla (não gosto, falando a verdade, meu instinto é me fechar cada vez mais no meu mundinho, só encostar em quem eu quero, falar só o que tenho vontade, para alguns infinitamente, para outros umas três palavras) mas não foi tão terrível assim, foi bom, verdade, a mocinha quase quebrou meus ombros, mas tudo bem, acho que estava precisando, acho que ela sentiu que meus ombrinhos estavam caídos de tanto querer carregar o mundo nas costas, precisavam de uma revigorada bruta.
procrastinação é pecado?
existe ócio criativo?
salvação?
estou perdida no funcionalismo público desinteressante, no pessimismo, na inércia.
ponto, não vou reclamar, tenho tempo para ler o que eu quiser, posso adiar meus trabalhos até o último minuto (pq aliás só funciono bem mesmo com prazo apertado), posso saber sobre tudo e sobre nada dos universos paralelos, posso escrever.
o problema é quando passo um dia inteiro quase todo em paz e quando estou no meio de alguma descoberta interessantíssima, numa vontade louca de escrever, um bum, e tenho que parar e dar olhadinhas simpáticas para pessoas que não me interessam em nada e que resolvem contar causos de suas vidas, suas desgraças e suas piadas sem graça, eu sou chata, tenho quase um dia inteiro pra mim, não custa aguentar, puxa mas como é difícil, as minhas olhadas vão ficando a cada palavra mais secas e vazias, numa vontade de NÃO ME INTERESSA, PARECE EM ALGUMA EXPRESSÃO DO MEU ROSTO QUE ESTOU INTERESSADA NA SUA VIDA, EU NÃO CLIQUEI O BOTÃO PARA ENTRAR, MEU OUVIDO NÃO É PINICO, VC TEM PROBLEMA AUDITIVO, PRECISA FALAR TÃO ALTO, TANTO ESFORÇO ASSIM PARA AGUENTAR UMA VOZ TÃO ALTA E INSUPORTÁVEL ME DEIXA COM DOR DE CABEÇA, INFÂMIA, DESATINO, VOU EMBORA.
clarice
encontrei você
queria muito te ver
saber mais de suas coisas
das suas palavras
saudades
vontade!!!

12.8.08

não, ela não quer escrever sobre drogas e álcool e sexo, ela não conhece essas coisas, só ler em livros e olhos vidrados em telas de cinema não permitem a sensação, inventar, ela não seria capaz, se encontra no mesmo dilema dos escritores cdfs que não tem vida pra contar, tem medo de se entregar a esbórnia e choram quando estão cada vez mais próximos da decadência, ela não tem fome, se enche de pão todas as manhãs, não ela não enfia os dedos na goela e nem vomita todos os dias, contar para quem, para que?, não existe razão para ler uma linha do que passa por sua cabeça, ela não é interessante, é mais uma de mais alguns de outros tantos, gemendo, sufocando, falando para o nada, para o mal, coisa do diabo, poder, poder falso, desilusão, achar que pode tudo, qualquer coisa, isso é um grão de areia, nem isso, é um pozinho insignificante, pergunte ao pó, pq lá estão as respostas, lá está tudo e tudo é insignificantemente desastroso. palavras jogadas, perdidas, em vão, o mundo não tem olhos para isso e pq teria? isso não enche barriga nem esclarece confusão alguma. na verdade a distância é extremamente recomendável, perturba esse negócio, ela é descomprometida com seus putrefatos, com suas putas, está preocupada demais com tudo que há de mais pudico nesse mundo, graça, tem graça essa menina, é de dar dó.


coitado é filho de rato que nasce pelado, dó, peninha é coisa de quem está triste, deprimido. eu tenho pena de quem chora de quem chora eu tenho dó, eu tenho pena de quem chora quando o choro é chororó.
"Melhor ajoelhar, pois a pontada aguda nos joelhos era uma distração da terrível quietude. Uma prece. Certo, uma prece: por motivos sentimentais. Deus todo poderoso, lamento ser agora um ateu, mas o senhor leu Nietzsche? Ah, que livro! Deus todo poderoso, vou jogar limpo nesta questão: vou lhe fazer uma proposta: faça de mim um grande escritor e eu voltarei à igreja. E lhe peço, caro Deus, mais um favor: faça minha mãe feliz. Não me importo com o velho; ele tem seu vinho e sua saúde, mas minha mãe se preocupa tanto. Amém."
(ask the dust, john fante, p. 21, tradução roberto mugiatti)

"Deitado em minha cama, pensei sobre eles, observei as bolhas de luz vermelha do Saint Paul Hotel saltarem para dentro e para fora do meu quarto e me senti miserável, pois esta noite agi como eles. Smith, Parker e Jones, eu nunca fora um deles. Ah, Camilla! Quando eu era garoto, lá no Colorado, eram Smith, Parker e Jones que me magoavam com seus nomes horrendos, chamavam-me de carcamano e sebento, e seus filhos me magoavam, assim como eu a magoei esta noite. Magoavam-me tanto que eu jamais poderia me tornar um deles, empuram-me para os livros, empuram-me para dentro de mim mesmo, empurraram-me para fugir daquela cidadezinha do Colorado e às vezes, Camilla, quando vejo seus rostos, eu sinto a mágoa de novo, a velha dor, e às vezes fico feliz por eles estarem aqui, morrendo ao sol, desenraizados, enganados por sua insensibilidade, os mesmos rostos, as mesmas bocas duras e secas, rostos da minha cidade natal, preenchendo o vazio de suas vidas debaixo de um sol abrasador."
(ask the dust, john fante, p. 48/49 tradução Roberto mugiatti)

consegui fazer minha lição de casa

Uma lembrança puxa outra

Hoje a minha cabeça está uma bagunça, não estou encontrando nada, procurei minhas lembranças e minhas vontades, mas a ansiedade não me deixa pensar, quero lembrar dos meus sorrisos e dos chuviscos na janela alta para um horizonte verde e de terra.
Gosto muito de horizontes, acho que é porque moro em São Paulo e geralmente damos mais valor ao que não temos à mão, gosto de estrelas e do cheiro de terra molhada. Quando era criança e estava na chácara perdida do meu pai, ficávamos fechados dentro de casa quando chovia, lá a chuva parece bater mais forte no telhado, o cheiro da terra úmida já entrava pelas frestas das paredes e portas, o ar embriagado pela chuva, quente e cheiroso.
Aquela chuva era boa, boa demais, a água que escorria pelo telhado, corria pelas calhas e numa geringonça de tubos e improvisos enchia a caixa d’água, passava por um filtro esquisito, único, que fizemos juntos, lição de casa da quinta série, um filtro de pedregulhos e pedrinhas. Nessa caixa tinha uma torneira embaixo, nos dias quentes, baldes até a boca para brincadeiras com água e banho gelado de canequinha.
Aos poucos as lembranças vão tomando formas mais e mais consistentes, cada coisinha puxa outra e vou pegando tudo para mim, mais uma vez. As formigas enfileiradas com suas folhinhas, todas fugindo entre os tijolos ainda secos, em noite de chuva os grilos se aquietam e numa canção de ninar perfeita, a chuva se transforma em garoa suave para embalar nossos sonos. Os sonhos nessas noites são amarelados pelas luzes das velas e quentes pelas colchas fofas. Na beirada da cama um baú de bonecas com seus cabelos emaranhados para pentear.
Os brinquedos, as caras das bonecas, as roupinhas, eram sujas de terra seca, porque já tinham explorado cada canto daquele terreno, em trilhas e fantasias de crianças, eu e minha irmã, esse era o quintal da nossa casa lá de São Paulo, só assim tão longe para poder ser tão verde, tão secreto, cheio de brincadeiras e bichos.

11.8.08

eu tenho que fazer uma crônica, diário ou carta para o curso do trab tenho que fazer uma ata tbm, mas issso, ai meu santinho, nem quero pensar pq é tão chatinho!!! mas eu preciso fazer, tenho prazo para entregar e tudo, tem coisa que não quer sair de mim, não quer pq está contrariada ou pq não existe, não sei, mas assim fica difícil...
engraçado como algumas vozes soam na minha cabeça como a da lory lambi!?
chuva, lazer, me interessa mais a bagunça, hummm, bagunça, chuva, enchente, chuvisco, chuvinha, de onde veio a bagunça, por onde começa, não termina.
essa semana vai ser longa, ainda bem que tem a yoga, primeira aula amanhã, alguma coisa para distrair, o equilíbrio não vai ser possível essa semana, tpm se aproximando, ansiedade crônica, falta de ar latente, esperança iminente, pensar positivo menina, lembra, pensar positivo, pensa que se materializa, pés na areia, tarde ensolarada, de um lado o rio do outro o mar, areia branca, sementes de hamburguer, um pé na beira do mar, um pé na beira do rio, águadoce pra sonhar e salgada pra lavar tudo. lavar o ano que não está nem no meio e nem no fim.
isso tudo é bobagem, se o destino está escrito e o acaso não existe, acreditar em coincidências é para ingênuos ou para os que não querem enxergar, sua sorte está lançada desde o primeiro dia, e seu caminho foi vc quem fez, eu, eu que fiz, sim, fui eu, e eu fiz tudo que eu pude, por caminhos entrecortados, estreitos e complicados, caminhos nem sempre assim tão bem formados, com uma névoa espessa, e no caminho tinha uma pedra, no caminho tinham milhões de pedras, e flores, borboletas, anjos, sorrisos, carinho, tinha medo, solidão, amor e tudo que um caminho digno de memórias tem que ter.
pq a vida é assim, e hoje eu vou ter que segurar a ânsia, e vou ter esperar os dias e as noites passarem, e os minutos e as horas, pq segunda eu vou saber, como vai ser uma parte importante da minha vida, da vida do meu filho, uma parte importante de mim vai se definir, pq boa parte do que eu fiz foi pra chegar nessa segunda e essa segunda tem muita importância pra mim, e eu vou parando pq tanta expectativa começa a ficar perigoso.

8.8.08

e hoje estou aqui no trabalho, ontem fiquei em casa e foi ótimo, dormi umas 11 horas, queria ter dormido mais, mas nem me acabar de dormir não consigo mais, meu corpo já se acostumou com a correria, em pular da cama sem dramas, lembro de tempos que todos os dias quando feria meu sono, minha patologia, acordando de madrugada, 6 horas da manhã é madrugada, não dá nem pra saber se vai fazer frio ou calor, todos os dias analisava como tinha parado ali e se era mesmo preciso, se faz sentido, não faz, mas hoje não questiono mais, então hoje estou aqui, mesmo estando aqui consegui ler umas 60 páginas de john fante e estou aqui tentando escrever... é vender a alma é assim, não se pode dar tempo para o que vem da alma, das entranhas, é preciso deixar de lado, pra depois, pra quando eu já tiver, uma casa, um carro, um filho formado, uma tv, uma geladeira, uma piscina, uma aposentadoria, nunca, nunca, nunca que vou deixar pra depois, vou ser manobrista de estacionamento nas madrugadas, a melhor, garçonete de muquifo, eu vou espreitando a vida, a minha e a dos outros, guardando com carinho as memórias, mesmo que amareladas e cobertas de pó, tudo vem e vai para o mesmo lugar e eu não me dou conta.
copiei uns pedaços pra colocar aqui, palavras dos que viveram da verdade, tbm venderam a alma e seu tempo, mas sobreviveram imortais, eles existem, não desista.

6.8.08

não to com vontade de nada, queria escrever sobre o meu fds poderoso chefão, meu banho escutando blondie, meu free lunch by mox-caiuxo, etc, etc.
não to com vontade de nada, to estragadinha, to chapada de remédio, minha cabeça tá noutro lugar, não to inconformada pq to paralisada, perplexa, desiludida, eu quero ir embora, quero ir pra pasárgada, não quero mais voltar, lá não tem lugar pra mim e não tem ar suficiente, deve ser por isso que sempre tive asma, eu quero respirar, to quase sufocando, to exagerando, drama, é um drama sem fim e eu quero sumir.

31.7.08


essa noite eu sonhei com meu pai, umas pessoas aqui do meu trabalho e que tava lendo meu livro...
to morrendo de sono, umas boletas, benzedrina, anfetaminas cairiam bem agora.
ontem fui assistir nome próprio, baseado nos textos de clarah averbuck, filme de murilo salles, foi muito bom, forte, intenso, trash, engraçado, ri muito em algumas cenas, na transa ruim, um cara idiota e ela não vai embora, seu puto, vc não sabe dá, um frio na barriga e a vontade de se estribuchar de rir, o filme é bom, sem discussão, mas nada se compara a liberdade da imaginação e das palavras num papel, o livro dá mais vontade de sair vivendo intensamente, ler, explorar o novo, o filme um pouco mais sombrio faz algumas cenas parecerem sem sentido, acho que é pq joga na nossa cara, um tapa na carne de que a realidade nem sempre faz sentido, aquela sensação de quando se olha em volta e parece que não estamos no nosso corpo, de quem é aquela vida?, e tudo parece surreal demais para qualquer um, as palavras estão protegidas, a imagem rasgada, escrever para poder viver, viver essa vida que muitas vezes dói, quase sempre, as vezes é boa e quase sempre essa é a verdade, dói.
ensinar o meu namorado que cinema não é assim não, não tem essa de levantar e sair correndo, pô, tem a música final, tem as últimas letrinhas, tem o beijo. haha
homem é um bicho teimoso.
consegui chegar na hora, tava com quem queria, vi o filme certo, no fim da noite tava esgotada, tava cansada, com sono (será que foi só isso), intensidade consome mais energia, ficar fechadinha de boca calada é mais confortável?, falar pelos cotovelos e se expor é desgastante e precisa de força e de cara e de mandar a culpa toda enraizada e a insegurança sem fim pela descarga, sem entupir nada, isso é que é difícil o buraquinho é tão pequeno, não é um BURACÃO NÃO, não passa qualquer coisa, e muito fica grudado e não larga da minha cabeça.
chegou no fim da noite e as minhas neuroses não estavam se contendo quietas, comecei a sentir (é verdade eu senti e era verdade absoluta) minha pele ficando esticada e toda gordura do meu corpo dobrou de tamanho, comecei a sentir minha bunda tomando proporções próximas de um hipopótamo e a minha barriga transbordando no elástico da calcinha, meu rosto ficou enorme, é sério, tentei sugar minhas bochechas com toda força, quando já estava quase estragando tudo, me sentindo um lixo, segurei a boca, dei um beijo de tchau e entrei.
fui correndo olhar no espelho, eu sei, eu sou ridícula, meu rosto estava normal, não tava com cara de bolacha nem bum bum de hipopótamo, idiota, tava tudo certo, não precisava, mas deixa um dia eu aprendo. eu espero.

30.7.08

hoje eu vou no cinema, muito bem acompanhada e feliz, cinema pra mim é melhor que terapia, melhor que sorvete, melhor que muita coisa por aí.
hoje a minha chefe voltou, tenho muita sorte (sei mto bem que eu mereço) pq todos os meus chefes de agora são legais, eu tenho mais ou menos 5 chefes, mas só 2 que me pedem mais coisas pra fazer... mas essa chefa fez falta pq ela é menina tbm e trabalhar só com homem é chato, com ela eu converso mais, ela é socióloga, agita mais e fica parada na sala um pouco, tava cansada de ficar sozinha nessa sala!
eu já tive cada chefe, toda secretária vai pro céu, vai sim, no meu 1º trabalho, um escritório de advocacia, umas estagiárias de direito loiras e metidas, me sentia um peixe fora d'agua, o chefão era mto legal, engraçado e simpático, mas a sócia dele para compensar tinha TPM crônica, tinha chiliques qdo alguma coisa não estava certa, um horror!!
depois desse emprego, fui pra farra, uma beleza, um estágio de 6 horas num programa social que ajuda estudantes a conseguir o 1º emprego, gostava bastante da missão do lugar, mais ainda do pessoal que conheci, a maioria jovem, fazendo faculdade, agente podia escutar música e conversar enquanto fazia as coisas, caramba, e quando eu e uma amiga fomos trabalhar na mudança do programa pra poder tirar uma folga depois, as instruções eram claras, agente só precisava ficar lá esperando as coisas chegarem e ver se os caras iam guardar tudo direitinho, mas demorou o negócio viu, era lá no centrão, e a mudança não chegava, agente sem um tostão pra comer alguma coisa, cada vez mais escuro, os mulambeiros indo embora, abrindo espaço para o comércio mais negro ainda, e pra achar a chave da sala, não tinha chave na portaria e agente não tinha autorização pra nada, o porteiro rindo da nossa cara, a minha amiga, essa doida de verdade ligou pro caso dela, que tava em alguma festa que não tinha sido convidada, ficou p, conseguiu o telefone, falou mais um monte, xingou, ligou pro bambambam (que já tava de pijamas) em sequência e no mesmo ritmo e falou que se ele não resolvesse com o porteiro o negócio da chave, agente ia embora e largava tudo do lado de fora!! hehe
depois de resolvido o problema, muita paciência, mascara de proteção para a pueirada e muita risada!!
quando der conto dos outros trabalhos...

back on the road

"Um sujeito alto e esguio, com um chapéu de porte médio, parou seu carro no lado oposto da estrada e caminhou em nossa direção; parecia o xerife. Silenciosamente preparamos nossas desculpas. Ele se aproximou vagarosamente: Ei, rapazes, vocês estão indo para algum lugar específico ou estão apenas indo?. Não entendemos bem a pergunta. Era uma pergunta boa pra cacete."
p.41, reimpressão 2008, on the road, jack kerouac, tradução de eduardo bueno, l&pm

29.7.08

meu pai me ligou hoje, eu disse que o caio tá com saudades de atibáia, ele explicou que podemos ir pra lá, mas não pra nossa casa, o carro tá quebrado, o fusquinha velho coitadinho, me contou que tá tentando comprar uma casinha por lá, juntar um dinheiro, tá difícil, putz, adoro meu pai, ele que me ensinou a gostar de verde e de praia e de acampar, acampar até dentro de casa, quando tudo era uma aventura e a gente era (parecia) uma família certinha, não, eu não ligo para isso, famílias certinhas estão falidas em todos os cantos, eu sei, isso não atrapalha a minha felicidade, eu não vou deixar, mas é que cada um vai para um canto e eu sinto saudades!!! engraçado como eu sei que isso é impossível, racionalmente inviável, mas no coração eu sinto assim, como quando era pequena e brincava de casinha e era gostoso, colocar todas as minhas coisas favoritas dentro de uma caixa forrada de pano cor de rosa e tudo era meu, e estava ao alcance da minha mão... eu sei, não dá, mas meu coração quer assim.
meu pai é o máximo, ele que fez a floresta de atibáia pra gente descobrir, não matava aranha e fez mil geringonças pra aproveitar água da chuva, ele que me ensinou a ser na minha e não cuidar da vida dos outros, aprender as coisas sozinha, nunca parar de estudar, me ensinou a conviver com as tralhas e fios elétricos, garantindo uma visão muito relativa do que é bonito de verdade...
ele não é perfeito, já brigou muito comigo, quando eramos pequenas e pentelhas e ele não tinha paciência e agente até ficava com medo, ele já bebeu muito, só ficava extrovertido quando bebia, eu era bobinha, achava graça, mas no final sempre acabava chorando, viajava muito, estava sempre looonge, minha mãe sempre fala, que quando eu nasci ele tava não sei onde fazendo a instalação de um show, já deu murro no armário, perdeu muita lente de contato, meu pai sempre trabalhou muito, eu sei que ele aproveita a vida do jeito dele e do jeito que dá... mas ele trabalhou e trabalha muito, queria que ele conseguisse tudo o que sonhou e sonha.
E tem a marcela, tenho que me controlar, mas quando vejo aquela menina eu vejo exatamente a yujujuyu que um dia escrevemos na porta do quarto, eu quero muito que essa menina tenha o melhor pai do mundo, adoro aquele jeitinho, nossa tenho que descobrir essa fórmula de criar filhos, filhos sem desejos compulsivos consumistas, desligados de quase tudo, uma simplicidade difícil de encontrar, uma menina que gosta de rosa e de barbie, mas que brinca de verdade e escreve na cara da boneca sem dó!!! cara, isso é demais, eu sei que não to conseguindo isso com o caio, não sei, não sei se é a fórmula "viver na dureza" ou "pouca tv muita viagem", pais hippies são um legado quase extinto, eu tive essa sorte, pro que veio junto de bom e de ruim, queria conseguir ser um pouquinho disso pro meu filho, só quem tem sabe o valor.
eu sei eu faço muitas caras e bocas, as vezes o que eu não falo fica estampado na minha cara...
mas como tem gente que consegue fazer tantas caras encarantes pra um desconhecido sem graça nem jeito, no caso eu, eu não sei lidar com muitas coisas, uma delas, causadora de agonia sem fim, transforma poucos segundos em tempo interminável de tortura, é ser encarada por essas caras, tem dia recorde, que todo mundo resolve me encarar, tá sou boa ouvinte (finge), sou péssima pra falar não, faço de tudo pra me livrar de uma cilada, evitar de longe, quando caio dentro não tenho o menor sucesso e determinação para escapar, um horror, ainda bem, conto com a sorte, sou rabuda sim, pelos caminhos que já andei, sei que de muitas por sorte, pura sorte, a falta de talento é terrível, mas consegui me livrar!!
descobri, o que importa (para mim) não é contar o que aconteceu, mas como eu me senti...
eu to feliz, meu amor me ligou, tá com saudades de mim e agente deu risada no telefone, e eu to feliz.
não to com vontade de reclamar nem de sumir!
nem medo de desperdiçar.. haha
beijo
beijo
beijo
porque beijo é muito bom e eu adoro meu travesseiro!!!
pq dormir é bom e eu quero meu travesseiro, fofo, cheiroso ou nem tão cheiroso assim, não faz mal pq é bom de qualquer jeito! e eu quero me jogar, sentir minha pele contra a fronha, contra a pele, apertar, apertar demais!!!
é assim mesmo.

On the road


ontem comecei on the road de jack kerouac, lendo o prefácio, ele foi triste como escritor, afamado depois de uma crítica controversa do times, para ser publicado depois de anos teve que cortar mais de 120 páginas (que doooorrr) e colocar muitas e muitas vírgulas inúteis, escreveu o original num rolo de telex, numa máquina de escrever, sob efeito de benzedrina, suando que nem louco, em três semanas, dias inteiros, caramba... ser escritor é foda!

o cara foi mal interpretado, aclamado, destruído, viveu na pobreza, quando conseguiu algum dinheiro, não valeu a pena... odiou a fama...

hoje saiu, fui sorteada para fazer yoga, ótimo!!! minhas poucas chances de escrever vão se acabar... será que vou conseguir finalmente o equilíbrio!?

kerouac foi descrito como tímido, angelical, fixado na imagem da mãe, vontade reprimida de sair viajando, místico, católico, introspectivo, tendência ao isolamento, usou drogas indiscriminadamente, escrevia sob efeito de anfetaminas, morreu por causa da bebida, escreveu páginas e páginas sem enredo determinado só (puta que pariu) contando o que passava em sua cabeça, é tirando a parte dos tóxicos, agente tem muita coisa em comum, ah táaaa, nem conhece o cara, adora se comparar com grandes e sofridos escritores, já cheguei a pensar que era a encarnação da clarice, quanta pretensão, quanta flagelação, eu não to me comparando, não é isso, mas sinto que eles dizem o que eu sonho dizer, eles fazem o que sou covarde pra fazer, eles vivem e eu vivo através de suas palavras, suas explosões mentais, seus devaneios.

28.7.08

acho que isso aqui não tá dando certo, impulso sem fim, alimento para o vício, freneticamente...
sei lá, vamos ver...
e se eu não conseguir fazer mais nada, descobrir que posso escrever um dia inteiro, tudo o que passa pela minha cabeça, minha função escrever ativada, pra que, sou uma secretária e tenho coisas pra fazer, listas inteiras para ticar, ticar, ticar...
fazer para OS OUTROS, presta atenção!!! fazer para mim eu faço o dia, o sol, a linha, o caminhar por entre as árvores, agora eu posso caminhar por entre as árvores todos os dias, quantos podem, pouquíssimos, tem poluição, mas tem árvore, e ver horizonte, não um horizonte de Atibáia, perfeito, mas já é um horizonte, não é prédio nem avenida, não reclama de boca cheia menina!!!
por que agente precisa se sentir culpada...
por que agente gosta de ler a vida dos outros, não to falando de CARAS, to falando de biografias, blogs, orkut!!
por que agente escreve agente quando não tem o menor direito de falar pelos outros e ainda por cima está longe de representar o pensamento da maioria...
por que agente precisa falar quando não quer...?
também não fala, depois fica escrevendo pelos CUtovelos!!
quando agente, eu, encontra uma pessoa no ponto, no final do dia, esperar ônibus que não chega nunca já é um porre, ter que conversar, conversa fiada, pioro... eu me sentiria culpada de falar uma coisa dessas, mas tenho quase certeza de que é recíproco rsrs
solidão pode ser ruim, o inferno são os outros, por existirem ou por precisarmos deles, final do dia, ônibus, trânsito, eu só quero escutar minha música em paz e ler...
mascar chiclete pra não ficar embrulhada!!

primeiro dia

escrever para ninguém, para mim.
é isso, lembrar o que passou, tentar colocar as coisas em seus lugares, devidos ou não, de forma que eu possa continuar, eu quero continuar sem restrições, sem e se, sem dor, a dor anda de mãos dadas com o amor, eu não sei.

sempre escrevi, tive mil diários, escrevi meus dias e minha agonias principalmente, quero tentar outra coisa, escrever o que passou, parar de resolver as coisas no soluço, pensar a minha vida.
escrevi mais quando estava triste, agora não sei bem o que estou, acho que estou querendo felicidade, encontro, saboto, volto atrás.
quero parar de esbarrar em lembranças, ligar um momento do presente com uma sensação do passado, quero largar o rancor, odeio isso, me prendo a isso, vício tem cura será, tem vício que não sai do pé, fica a espreita de uma brecha, que saco!!!
sempre me acharam muito normal, uma vez ou outra que deixei uma loucura aparecer foi um choque pra todo mundo, o universo na minha cabeça sempre ficou muito bem guardado e sufocado, muitas vezes tive falta de ar, literalmente, eu uso bombinha quando a coisa fica feia, muletas para continuar.
ultimamente estou aprendendo a respirar, respirar sozinha e livre, expandir o pulmão, respirar pelo nariz, deixar a poluição de fora, as vezes meu nariz sangra, é a falta de costume.
Pra primeiro ta bom, eu sei que tá uma chatice, mas é só pra mim, tenho um gosto especial por coisas chatas, gosto de filme devagar quase parando, música lenta com voz quase de choro, conversa sem lógica sem fim... é eu sei, eu sou chata, mas estou gostando assim, um pouquinho mais!