31.7.08


essa noite eu sonhei com meu pai, umas pessoas aqui do meu trabalho e que tava lendo meu livro...
to morrendo de sono, umas boletas, benzedrina, anfetaminas cairiam bem agora.
ontem fui assistir nome próprio, baseado nos textos de clarah averbuck, filme de murilo salles, foi muito bom, forte, intenso, trash, engraçado, ri muito em algumas cenas, na transa ruim, um cara idiota e ela não vai embora, seu puto, vc não sabe dá, um frio na barriga e a vontade de se estribuchar de rir, o filme é bom, sem discussão, mas nada se compara a liberdade da imaginação e das palavras num papel, o livro dá mais vontade de sair vivendo intensamente, ler, explorar o novo, o filme um pouco mais sombrio faz algumas cenas parecerem sem sentido, acho que é pq joga na nossa cara, um tapa na carne de que a realidade nem sempre faz sentido, aquela sensação de quando se olha em volta e parece que não estamos no nosso corpo, de quem é aquela vida?, e tudo parece surreal demais para qualquer um, as palavras estão protegidas, a imagem rasgada, escrever para poder viver, viver essa vida que muitas vezes dói, quase sempre, as vezes é boa e quase sempre essa é a verdade, dói.
ensinar o meu namorado que cinema não é assim não, não tem essa de levantar e sair correndo, pô, tem a música final, tem as últimas letrinhas, tem o beijo. haha
homem é um bicho teimoso.
consegui chegar na hora, tava com quem queria, vi o filme certo, no fim da noite tava esgotada, tava cansada, com sono (será que foi só isso), intensidade consome mais energia, ficar fechadinha de boca calada é mais confortável?, falar pelos cotovelos e se expor é desgastante e precisa de força e de cara e de mandar a culpa toda enraizada e a insegurança sem fim pela descarga, sem entupir nada, isso é que é difícil o buraquinho é tão pequeno, não é um BURACÃO NÃO, não passa qualquer coisa, e muito fica grudado e não larga da minha cabeça.
chegou no fim da noite e as minhas neuroses não estavam se contendo quietas, comecei a sentir (é verdade eu senti e era verdade absoluta) minha pele ficando esticada e toda gordura do meu corpo dobrou de tamanho, comecei a sentir minha bunda tomando proporções próximas de um hipopótamo e a minha barriga transbordando no elástico da calcinha, meu rosto ficou enorme, é sério, tentei sugar minhas bochechas com toda força, quando já estava quase estragando tudo, me sentindo um lixo, segurei a boca, dei um beijo de tchau e entrei.
fui correndo olhar no espelho, eu sei, eu sou ridícula, meu rosto estava normal, não tava com cara de bolacha nem bum bum de hipopótamo, idiota, tava tudo certo, não precisava, mas deixa um dia eu aprendo. eu espero.