9.2.17

entardecer




hoje quando saí do trabalho segui caminho pelo Instituto Butantã, metade da calçada tinha sombra. com o horário de verão, dezessete horas ainda parece meio da tarde. as folhas e galhos pequenos e secos estalam nas solas da alpargata.

fui até o fim do segundo quarteirão, que beira um campo largo e verde, no início uma casa de joão de barro replicada, na beirada bancos arqueados de praça. sinto o sol que escapa entre a copa das árvores, um passo atrás e uma meia volta, decido ler um pouco ali mesmo, pra aproveitar um tanto mais o dia.

minha concentração não é das melhores, deito as costas na grama, sempre me impressiona o céu azul, o contraste das nuvens, o brilho do sol... um solzinho gostoso de sentir na pele, que vai esmaecendo lentamente e brincando com o desenho da sombra das folhagens, sigo um pouco mais na leitura... essa sensação me faz lembrar você, fecho os olhos um instante, penso no último abraço feito de saudade.

abro os olhos, o céu e a grama, mesmo com o entardecer, parecem ainda mais claros, nítidos como a vontade de que aquela sensação chegasse até você, em alguma brechinha dos seus turnos de tinta, máquina e papel, num pedaço do descanso no final do dia. pra ficar um pouco mais perto, sim, mas também pra ter na sua rotina essa sensação na pele e no peito, que devia existir nos finais de tarde, na vida, de todo mundo...

quando o vento começa a esfriar, levanto, uma boa sacudida pra tirar as graminhas soltas e alguma formiga perdida nas roupas. sigo até o ponto, a fome aperta e vários ônibus muito cheios passam, na rua perto de casa passo numa quitanda, aqui mais pro lado do Rio Pequeno ainda tem desses comércios menores. compro uns limões, vagens, caquis e uma paçoca. os caquis estão maduros e firmes, cortados em fatias fica ainda mais bonito o vermelho alaranjado. estão doces, muito doces. vem uma vontade de escrever sobre essas coisas bonitas e meio bobas...






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