16.8.10

fora de órbita

muitas vezes me sinto fora de órbita, descolada do tempo e do espaço, perdida, numa rota inversa, contra a ordem, contra tudo... atrasada, perdida, desesperada, as rédeas escorregadias, o tempo nublado, o frio cortante, tudo contra, do contra, para o outro lado.
esse final de semana frio foi a não realização de toda expectativa que criei e para completar a falta de sintonia me desencontrei totalmente com o Wil, com a vontade de acontecer e de fazer. Acho que era o clima vigente, já começou na aula de ballet, com uma preguiça geral, uma vontade de jogar conversa fora, um gatinho manhoso para desviar nossa atenção.
em casa muitos cobertores, um sofá sedutor e filme água com açúcar na televisão.
tudo bem, a bubica tentando me acalmar, todos tem um fim de semana preguiçoso de vez em quando.
mas não é só isso, uma sensação incomoda não me deixa, não me deixa ficar tranquila, essa falta de encaixe, a dureza das coisas, me sinto deformada tentando me encontrar nessas formas rígidas e frias, me sinto feita de matéria maleável, quente, que a cada embate perde seu calor e força vital, minha maleabilidade perdendo sua função original, desvalorizada diante dos padrões e das exigências.
meu filho, minha cria, minha continuação, tão perdido quanto eu, talvez mais perdido, sem saber que referência seguir, sentindo o gosto de ser um pouquinho diferente, as vezes de um jeito bom, as vezes de um jeito ruim, sensibilidade a flor da pele, sua carne é mais maleável ainda e sem a consciência disso tudo já sente o desconforto de se encaixar em formas tão rígidas, perdendo seu calor, perdendo seu viço, perdendo a vontade de interagir com o mundo.

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