9.1.11

09.01.11

carne viva, compulsão, TOC, distimia, não importa o diagnóstico, não importa a classificação, nada disso importa porque não resolve simplesmente, saber o nome não alivia, não dilui, não resolve nada, a dor de viver, a dor de existir em carne e osso, e estar cheia de sentimentos confusos em sentidos contrários, querer se fazer entender, buscar a simpatia e piedade em volta, tudo em vão, tudo termina no vazio, no nada que é sentir tanto.

dormir muito e dormir pouco, sempre nas horas erradas e inadequadas porque o organismo se recusa a seguir regras, sistemas, ordens, ele quer ser a bel prazer e  vontade, egoísta, egocêntrico, único.

viver é se deparar com limites o tempo todo, do mundo, dos outros, de nós mesmos. não ter limites é se perder, se desfazer, se diluir em frangalhos, em pedaços de carne viva que vão sobrando no corpo, nas extremidades frias, nas entranhas. não tenho limites e minha vontade infinita de satisfazer desejos secretos consome toda energia, vontade de ser grande, valiosa, especial, vontade de não ser só mais uma no universo.

orgulho que toma conta dos dias e das noites, atormentados pelo asco em ser comum, assim simples, uma qualquer. como ousa ser repugnante, querer ser mais que os outros, você que sempre esteve perdida, seguindo os caminhos errados e as escolhas tortas, você que não consegue andar ereta e seguir sequer uma reta, você que vai e volta, e para, e desperdiça o que há de valioso e precioso, o tempo, a sanidade, o equilíbrio, zomba da ordem e se acha mais que os outros com suas crises, devaneios e doenças.

acorda pobre mortal, acorda, sai da escuridão e do sofrimento. vem para a luz!! oh luz sagrada em brilho e ouro. oh luz salvadora da pátria, ordem e progresso, sim nós podemos, sim até nós mulheres, até nós medíocres, inconstantes seres insaciáveis, incompletos, imperfeitos. siga seu caminho, não olhe para baixo, só assim você poderá pular...


09.01.11 parte 2

onde eu quero chegar com tudo isso!?
"escrevo para poder continuar vivendo"
onde estou e para onde vou, em que hoje vivo, qual é o problema real??
flores, estampas, tecidos, fitas, tesoura, papel, deixando qualquer "a mais" de lado, o que sobra, o que se salva, o que é vida em mim?

ato social, o que é ato social, que é viver, ser mãe, ser indivíduo, como sair da neurose predominante em nossas cabeças, ao nosso redor, em todo lugar, ser, parar de querer ser e apenas ser.

viver o instante, viver o que é e o que sou, a verdade é que não encontro respostas satisfatórias , o mundo não fala a minha língua e nem pretende falar.

definitivamente eu não quero aprender esse idioma.

não. seguir na resistência?
não. ignorar a evidência?
não. amar a inconsequência
não. aprender a mudar de ideia
não. existir
não. quando tinha uns 22 anos usei a palavra perseverança, quase instintivamente, eu sabia seu significado, como eu podia saber? já tinha um filho de 2, um bom motivo para isso, tinha tomado um rumo não escolhido, desistido de um caminho improvável. mas eu não tinha consciência do que estava falando, ainda não consigo entender.

talvez eu precise parar de pensar, começar a psicografar as ideias dessas múltiplas personalidades que vivem e brigam tão intensamente dentro de mim.

quando eu crescer quero ser gigante!!
é isso que eu quero.

3 comentários:

  1. gostei do texto
    mas só queria dizer [uma coisa q vc deveria saber] vc é única e muito especial pra muita gente! simmmmm
    não tente se encaixar em regras! todo mundo é exceção!!!! hsaushusha, no momento tô me achando super normal, rsss
    bjão

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  2. gostei muito do texto, da maneira como expôs sentimentos e emoções, tão intensos e verdadeiros! admiro muito a mulher que você foi, e que você é, sensível e sonhadora, que ao mesmo tempo batalha por suas verdades e objetivos!
    bjos, Rê

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  3. "não ter limites é se perder, se desfazer, se diluir em frangalhos, em pedaços de carne viva que vão sobrando no corpo, nas extremidades frias, nas entranhas."

    Não consigo começar um comentário aqui sem repetir alguma parte de sua postagem...
    Muito bom, muito bom mesmo! E a ainda vai elogiar o meu, logo o meu? HAHAHAHA

    Ah! E você vai achar alguém para cuidar do Caio, eu sei disso, seus pensamentos positivos vão conseguir mais uma proeza! Mas que você sabe também reconhecer e descrever muito bem uma tristeza... Continue com seus textos, são muito bons.
    Beijos

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