21.3.13

concreto acaso


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se sabotar é tão mais fácil, já tenho o medo garantido, ele está dentro de mim e logo pode tomar conta de tudo, da noite, das mãos, do peito, o frio passa do estômago à garganta tão rápido, nem há tempo de pensar, ele quer paralisar e só.
eu deixo, me paralisar, me entregar é fácil, é certo, é definitivo. é triste.

tenho tanto medo de ser feliz talvez por não saber que felicidade é essa que quero e se ela cabe em mim.

dos desencontros, de tantos tempos longos e ausências estendidas, que ficaram para trás, ainda resta o medo.

e agora a presença me causa um estranhamento alegre e desconfiado.
essa presença me surpreende, mas não posso desfrutá-la sem imaginar uma falta iminente e provável, a falta que meu organismo já estava acostumado.
não quero que isso molde meus gestos, meu corpo, minha maneira de ser e de me entregar...

a condição é grade imposta por meu medo, imposta por mim mesma e quero me libertar.
escrever cartas ridículas de amor acreditando como na primeira vez em que encontrei um versinho num papel velho. um segredo. um tesouro.

sentir o que é e esquecer o que poderia ter sido, completamente. o que é real e é agora, e é tão mais concreto. é só disso que quero saber. tudo mais transborda.

concreto acaso. e só.


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