24.8.13

estômago


desenho de Juli Ribeiro


nenhuma palavra pode dizer o que sinto, quero voltar para o desenho, usar cores, fios e corpos pra representar esse emaranhado aqui no estômago.

mais ainda quando uma lembrança atropela, não quero mais memória, nem conexão, só quero rede de proteção, uma mão no rosto e um peso sobre o corpo. qualquer um que não seja feito de dúvida e discurso.

todo dia ela faz tudo sempre igual e eu choro só de pensar que não vamos nos encontrar.

não vamos porque desisti, não sinto vontade, nem entusiasmo.

o emaranhado se confunde com falta de coisa concreta. boca, água, manha, olhos fechados, peito, nuca, pele e aflição.

não sei mais que aflição é essa. não me venha falar de práticas orientais, quero saber do que posso pegar com as mãos e colocar na boca, sentir gosto, cheiro, amor e raiva. desvarios. de desvarios se fazem noites pra afogar lágrimas, quero afogá-las todas e sem culpa alguma cometer excessos.

por uma noite, ou duas...


Nenhum comentário:

Postar um comentário