17.9.13

fale com ela




ele disse: "estamos aqui... estarei ai pra sempre"

ela respondeu: "você está aí, não aqui!"

já tinha sentido essa sensação antes, teve medo de estar sempre rebobinando a fita, com tanto passado no presente, desencontros e esperas.

não acreditava mais, a ausência se tornou maior que a história toda. não sabia como responder, sempre teve medo, um medo maior que ela.

se sentia sozinha, mas não desistiu de respirar fundo, de olhar para os olhos e paisagens de dentro, a última semana passou mais preenchida, e preenchida dela mesma.

ficava a pergunta, por que o encontro ainda era difícil, tinha medo de descobrir que eles realmente não gostavam de quem eram, ou de quem se tornaram.

ela, presa na rotina, de alegria os momentos com o filho, o olhar sincero de algumas conversas e amores passageiros, as brechas pra fazer o que gosta ou não fazer nada, sozinha, as brechas ou os gostos quase nunca batem com os dos outros. se acostumou assim a ser meio egoísta, se concentrando em uma coisa de cada vez, se dividindo menos, talvez por isso o medo maior dos últimos tempos, de não saber mais se relacionar.

ele, não sabe mais quem ele é, perdeu o fio da meada, desconfia da janela digital cheia de ruídos e das mensagens truncadas. algumas palavras soam pesadas demais, algumas piadas não têm graça. se acostumou a ver as fotos dos seus programas acompanhado de outras pessoas, se surpreendeu com as fotos das viagens.

esse olhar desconfiado à distancia era tão diferente do olhar sonhador da segunda fileira.

era o que tinha para guardar.

pensou nas suas ligações, nas últimas conversas, no que só passou, no que guardou. queria ser mais espontânea, dizer oi e até logo... sair pra dar uma volta e não voltar.


definitivamente tinha se descolado da realidade, irremediavelmente.

só faltava aprender a se despedir.



Nenhum comentário:

Postar um comentário