24.11.14

meio doce, meio bruto

   







terra seca
garoa
sol
vento
água

um passo que tenta ser firme nos pedregulhos
um caminhar pelos pensamentos
que escapa

e nesse jeito de seguir
você passa a compor minhas imagens
texturas e gostos

confundo o fundo do horizonte
com a sensação do toque no seu rosto
como minha mão que escorrega pelas suas costas
e desenha uma montanha, lago, nuvem, riacho

a umidade do ar tem o gosto da sua boca
o entrelaçado das árvores
lembra nossa conversa emaranhada de anseio, vontade e afago

sigo misturando os sentimentos
na transmissão ruidosa dos meus medos

e na conversa mansa
de costas curvas, cadeira de madeira e olhar fosco
tudo se aquietou aqui dentro

a origem dos silêncios todos
do desassossego, do instante, da paciência
desse jeito meio doce, meio bruto

dessa vida contida
que precisa escapar

e quer
numa noite fresca


2 comentários:

  1. Lindo, novo, maduro e modificado. Mas ainda enxergo e capto uma Yuna doce, moleca, de alma nobre e antiga, meio vó meio menina. As coisas mudam e vão. Às vezes pra sempre, às vezes pra bem, às vezes em vão. Tomara que sim, tomara que não!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. se vc me vê/lê assim, só pode ser bom sinal... é sempre bom ter você por aqui!

      Excluir