10.3.11

Eu matei minha mãe

inspirada no dia da mulher, post de amigos, conversas e desabafos, resolvi escrever sobre o que é ser mulher hoje, o que é ser mulher pra mim.

algumas tentativas depois...

tentando fugir do lugar comum, das queixas, da competição, resolvi colocar aqui o texto que escrevi sobre um filme que assisti no carnaval, um filme feito por um homem, filho de uma mulher como todos os outros, uma mulher que se entrega e faz o máximo que pode para criar seu filho decentemente como muitas mães o fazem.

uma mulher louca, simplesmente porque é louca, mas também por causa das circunstâncias.

Eu matei minha mãe

(J'ai tué ma Mère, 2009)
Direção: Xavier Dolan
Roteiro: Xavier Dolan
Gênero: Drama
Origem: Canadá
Duração: 96 minutos
Tipo: Longa-metragem


"Eu amo a minha mãe, se alguém fizesse mal a ela eu seria capaz de matar", "não tenho capacidade de amá-la, nem capacidade de parar de amar" (frases lembradas do filme, sem transcrição fiel)

Um filme cheio de amor, realidade, momentos que lembram nossa relação com nossa mãe, minha mãe, momentos que lembram minha relação com meu filho.

Quando o diretor do colégio interno questiona a mãe de Hubert sobre a falta de uma presença masculina, e ela tem um ataque histérico, eu sei bem o que é isso, minha mãe também, o esforço e o desgaste para dar conta e saber que esse máximo ainda não é suficiente, não é fácil, precisar tomar conta das situações e das responsabilidades porque não existem homens para dividir a dor, as dúvidas, as dificuldades. Casada, divorciada, mãe solteira, quantas podem dizer que tem um homem para dividir essas dificuldades, para sentir o peso um pouco menos. Definitivamente não são a maioria.

Os filhos amam tanto suas mães apesar de tudo, apesar do ódio, afinal por muito tempo elas são tudo o que eles têm.  São a força e a fraqueza, o equilíbrio e a loucura, o amor e o ódio.

E ao mesmo tempo a identificação com o filho, que cresceu, não tem mais 4 anos e não tem culpa por isso, o seu mundo ficou mais complexo, suas relações mais intensas, seus conflitos agora são de vida ou de morte, muitas coisas fogem à compreensão de sua mãe, de qualquer mãe que seja sua. Ele não consegue mais pular nos braços aconchegantes dizendo mamãe eu te amo, num esforço desajeitado e sem tamanho diz “mãe te amo”, as palavras saem tão duras que a mãe se assusta, “eu também filho”, ele termina já fugindo “só para você não esquecer”.

E existe tanto amor, e tanta raiva, e ele “E se eu morresse hoje” e ela “Eu morreria amanhã”.

O filho que tenta a todo custo compensar o esforço todo, compensar, satisfazer, suprir, quase como se assumisse o papel do marido, sem sucesso. (isso acontece com as filhas também)

Quem não tem ou teve vontade de fugir de sua mãe, quem não perdeu a calma e falou tudo da pior maneira e sentiu a pior das culpas que existe. Quem não se cansou de responder a mesma pergunta mais de cinco vezes e acabou sendo grosseiro (quem não pensou/disse que sua mãe deve ter Alzheimer!!). Quem?


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