27.9.12

coisa de filme

ilustração de Juli Ribeiro http://o-capuccino.blogspot.com.br/

adoro cinema, desde muito nova mergulho nos filmes como se fosse pra viver algo que não tenho coragem na vida real, muitas vezes tenho vontade de encontrar pessoas, que parecem existir só nas telas, outras vezes tenho vontade de ser essas personagens, até consigo sentir o que sentem, fico alegre, melancólica, sinto a dor, sigo alguns dias com seus trejeitos.

de uns tempos pra cá (sei lá quanto), se tornaram mais comuns os filmes com várias histórias acontecendo ao mesmo tempo fora de um roteiro tradicional, histórias que em algum ponto se encontram, paralelas, sem nexo, que fluem numa mesma energia ou mensagem, as vezes o que acontece numa história pode ser determinante pra outra, ou histórias que poderiam se resolver bem juntas, mas nunca se encontram.

o mais recente que vi foi "360", de Fernando Meirelles, sobre bifurcações e escolhas. Entre outros como "Corra, Lola, Corra", talvez o primeiro desses que me fisgou. De certa forma a Lola é  minha grande heroína, correndo, correndo, tentando a todo custo controlar o final da história e o destino das personagens, tentando salvar seu pequeno universo, dando o máximo de si até o último fôlego. "21 gramas", desesperador. "Sobre meninos e lobos" filme em que comecei a entender um pouco sobre a fúria que existe dentro de cada homem, entender o peso sobre os meninos, que se convencem lobos, mas só querem alguém lhes passando a mão na cabeça com carinho, enxerguei meu pai, meu filho, um homem da minha vida. "As horas", um dos filmes mais lindos da minha vida, sobre mulheres fortes, mães, loucura e abandono, sobre o abismo que pode estar aos nossos pés a cada passo. "Closer" irritantemente pessimista. "Amores Perros" dolorido e cheio de esperança. "Medianeras", quero muito assistir, mas ainda não consegui, fala sobre a solidão das pessoas nas grandes cidades, que cercadas de desconhecidos tentam escapar da solidão em meio as ferramentas tecnológicas, buscando conexões, que podem nunca se realizar na vida real.

Tudo isso porque fiquei lembrando desses filmes, das sensações que provocam e das personagens, que têm aparecido na minha vida nos últimos tempos. Pessoas, que por suas crenças se colocam inatingíveis, frias, duras e não são capazes de derrubar uma lágrima, que depois de tanto tempo, amor, dedicação, podem estar sentindo borboletas na barriga pela primeira vez, e eu morro de medo, que seja tarde demais.

Pessoas tão bonitas e fortes, que se paralisam pelo medo e gastam uma energia gigantesca em brigas consigo mesmas,  se machucam com palavras insensíveis de quem só enxerga a forma e não tem noção do tesouro precioso que têm nas mãos.

Pessoas cheias de sonhos e ideias, que crescem confusas em suas convicções, que se deparam o tempo todo com limitações, suas e dos outros, que só querem correr por um campo de centeio, ser o apanhador e as crianças que correm, tudo ao mesmo tempo.

Pessoas que vivem juntas há tantos anos e talvez nunca se encontrem.

Conhecemos facetas, partes de um quebra-cabeça, nunca temos todas as peças na mão, poucas vezes conhecemos alguém inteiro, a verdade pode ser vista por diferentes ângulos. Em cada ângulo pode existir uma verdade completamente diferente.

Na dúvida só posso seguir vivendo cada momento acreditando na vida, na bondade, no amor, na melancolia e na alegria, tentando não me perder na paixão, tentando não perder a paixão.


                                                         


 

Ilustração de Juli Ribeiro http://oafetoeacidade.blogspot.com.br/
 
 
 

4 comentários:

  1. Não sei nem o que escrever, então vou botar uma foto:
    http://www.flickr.com/photos/vitarossi/7985827804/in/set-72157631535298675
    Assista o filme.

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  2. Preserva tua humanidade, conserva tua paixão! Deixa esse bolero te pegar: http://letras.mus.br/moveis-coloniais-de-acaju/1443792/
    Porque pior do que se ver numa canção, e não se encontrar nela.

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    1. a música é muito legal, mas gostei mesmo foi da coreografia "a la Pina Bausch"!! rsrs

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