18.2.11

o silêncio

agora o silêncio bate e ecoa no vazio, na ausência que é maior depois de tantas horas sem qualquer palavra escrita, muito menos falada.

voz que agora vai ficando doce e suave na imaginação, que pede desculpas pelo engano, pela frieza, pelo fim. mas que confusão! como assim vou te perder!?

voz que não chega nunca.

depois de tantos anos recebendo seus telefonemas sem sentido, sempre as mesmas perguntas, sempre as mesmas palavras. é na falta dessa rotina tediosa que fica explícito o silêncio. a falta de tudo, a falta de nada.

quero ir embora daqui, quero fugir desse mundo xucro, minha carcaça resiste em ser grossa e áspera o suficiente, ficaria pesada demais em mim.

as sutilezas seriam esmagadas, a seda arranhada, rasgada, não existiria fôlego para os sonhos.

não existem saídas possíveis, não aqui.

preciso inventar alguma, pegar um lápis 6B bem entalhado num papel poroso, deixar correr o traço, confundir as linhas e sombras, manchar a base do pulso e das mãos, me perder na confusão do grafite, na confusão dos sonhos.

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