12.12.10

relendo os 26 anos... surpresa!

Postado por Yuna Ribeiro
estou escrevendo essa carta pq tenho pensado bastante em nossas últimas conversas e como cada um tem suas limitações, eu tenho as minhas, e acho que me expresso melhor escrevendo.
bom, primeiro gostaria de te passar alguns trechos relacionados as discussões que tivemos:

"não quero nunca renunciar a liberdade deliciosa de me enganar"

"hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás"
Ernesto Che Guevara

"talvez o ser humano não seja somente o ser social como alguns sociólogos nos querem fazer crer, mas seja também estar ativamente trabalhando contra essas forças sociais que querem reduzir nossa vida social a um mínimo. Talvez não fossemos humanos se esta tarefa pudesse ser feita de uma só vez. É, precisamente, a necessidade permanente de lutar que dá à vida humana um significado perene."
Johan Galtung

Segundo, estou te escrevendo pq vc fez parte do meu desenvolvimento aqui, passei a conversar com vc num momento que me sentia muito deslocada e isolada (muitas vezes ainda me sinto assim), conversamos sobre trabalho, mas principalmente sobre nossas vidas, de certa forma passei a me preocupar com vc, relevei algumas dificuldades em relação ao seu jeito de se relacionar com as pessoas, muitas vezes discordamos, mas me esforcei para não quebrar um vínculo que considerei ser de amizade.

No entanto, ultimamente não tenho me sentido bem em nossas conversas. O meu jeito de lidar com isso é sendo sincera, o seu vc é quem sabe!! rsrs

A verdade é que eu tenho 26 anos, cuido do meu filho de 6, praticamente sozinha, já trabalhei em vários tipos de lugares e tive que lidar com todo tipo de gente, já passei por lugares muito piores e melhores, e acredito que estou sempre tentando melhorar, aprender e trabalhar com o que acredito. Não me deixo estagnar e pretendo continuar assim, e estou muito feliz com meu trabalho, trabalho com pessoas que admiro e com quem estou sempre aprendendo. E se em algum momento isso mudar e a situação daqui não ser boa para mim, pode acreditar que vou atrás de coisa melhor, dentro ou fora da USP, assim como já fiz muitas vezes em outras situações. Ou seja, acredito que minhas conquistas são de meu mérito, e minha vida nunca foi só de flores, prezo imensamente a minha qualidade de vida, poder falar a verdade e ser quem realmente sou, aceito os benefícios e prejuízos disso.

Portanto, até instintivamente, quero ficar próxima de pessoas que me fazem bem, que não perdem a ternura nas palavras mesmo quando discordamos e que, principalmente, ficam felizes por mim quando estou bem.

Quanto as questões políticas, sei que tenho uma infinidade de coisas para aprender, e estou buscando isso sempre, participo a minha maneira conforme o que acredito e conforme me sinto capaz, mas independente do que determinam as leis eu sou um indivíduo e me dou o direito de seguir o que acredito, enquanto não estiver preparada, capacitada e de acordo para participar ou enfrentar o que determinam as leis, sigo no meu processo de aprendizagem, atuando no que posso contribuir.

De alguma forma (pode ser ingênua ou idealista) acredito em espíritos livres (conceito usado por Nietzsche) e enquanto puder vou continuar acreditando, e isso está acima de qualquer lei.

A verdade, é que para algumas situações não existem soluções, o que vc vai fazer com essas palavras é por sua conta, se preferir pode jogar no lixo, eu fico aliviada de poder e ter coragem de ser sincera mais uma vez, com minhas qualidades e defeitos.
em tempo...

"É chamado de espírito livre aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em sua procedência, seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu tempo. Ele é exceção, os espíritos cativos, a regra; [...] De resto, não é próprio da essência do espírito livre ter opiniões mais corretas, mas sim ter se libertado da tradição, com felicidade ou com um fracasso. Normalmente, porém, ele terá ao seu lado a verdade, ou pelo menos o espírito da busca da verdade: ele exige razões; os outros, fé."
(F. Nietzsche - Humano Demasiado Humano)

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